Críticas

Crítica de “Missão: Impossível – Acerto de Contas – Parte 1”, de Christopher McQuarrie

Missão: Impossível – Acerto de Contas – Parte 1 (Mission: Impossible – Dead Reckoning – Part One – 2023)

Ethan Hunt (Tom Cruise) e sua equipe (Ving Rhames, Simon Pegg e Rebecca Ferguson), devem rastrear uma nova arma mortal que pode representar uma ameaça para toda a humanidade. Com o destino do mundo em jogo, eles precisam partir em uma corrida frenética e mortal ao redor do planeta.

Tom Cruise está literalmente salvando Hollywood, exatamente no momento em que o público está dando sinais claros de que rejeita o processo de autossabotagem financiado com o interesse óbvio de deslegitimar os alicerces culturais ocidentais.

Ele oferece nesta franquia, baseada na clássica série idealizada por Bruce Geller na década de 60, a diversão de altíssima qualidade que os projetos do espião britânico 007 costumavam representar, antes da própria filha de Albert “Cubby” Broccoli, responsável pela fórmula de sucesso, permitir que a criação literária de Ian Fleming se transformasse em sinônimo de depressivo sonífero. Ethan Hunt não se desconstrói, ele é um protagonista corajoso, que se envolve com lindas mulheres e consegue se safar das situações mais absurdas em locações deslumbrantes pelo mundo.

O grande diferencial é que, por trás das sequências de ação mais espetaculares, acrobacias cada vez mais perigosas, o competente dublê é o próprio Cruise, elemento que torna a experiência ainda mais imersiva para o público. Não é demagogia afirmar que ele arrisca a própria vida para tentar manter a indústria de cinema norte-americana relevante nestes grotescos novos tempos. E, levando em consideração o que está em jogo nos bastidores, algo que boa parte do público nem imagina, o produtor/ator, ao desafiar a agenda vigente, não está se arriscando apenas na frente das câmeras.

O MacGuffin hitchcockiano da vez no roteiro de Christopher McQuarrie e Erik Jendresen é uma pequena chave, que, vale destacar, se assemelha a uma cruz, simbologia óbvia e eficiente, o único artefato capaz de desativar a ameaça suprema, a entidade, uma inteligência artificial que, em resumo, planeja reiniciar o mundo, ditando as novas regras do que é verdade e mentira, do que é certo e errado, visando o controle absoluto.

Somente os mais ingênuos não conseguirão enxergar na essência da trama a poderosa mensagem, a força-motriz que se mantém na mente após a sessão, uma matéria que o saudoso mestre Stanley Kubrick, com quem Cruise trabalhou no excelente “De Olhos Bem Fechados”, dominava, utilizar a arte para entregar informações privilegiadas e tentar despertar os sonolentos.

Não se preocupe com o “Parte 1” do título, a produção respeita o público pagante, algo raro, você sai da sessão plenamente satisfeito, o gancho para o desfecho não te deixa com raiva, como se tivessem tirado o prato da mesa antes de você terminar a refeição, ele apenas te deixa respirar um pouco, descansar, ele faz com que você já queira pagar com sorriso de orelha a orelha o ingresso do próximo.

Assista ao filme na sala de cinema, prestigie este heroico esforço, não espere chegar nas plataformas de streaming, vale cada centavo investido.

Cotação:

  • O filme estreia nesta semana nas salas de cinema brasileiras.

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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