Uma Linda Mulher (Pretty Woman – 1990)
Executivo (Richard Gere) milionário e solitário contrata uma mulher (Julia Roberts) da vida para lhe fazer companhia por uma semana. Aos poucos, ele se encanta e fica apaixonado pela jovem.
Eu me recordo da primeira vez em que tive contato com esta pérola da comédia romântica hollywoodiana, ainda na infância, durante uma visita de domingo na casa da minha saudosa avó paterna.
O meu tio havia passado na locadora de vídeo e alugado “Máquina Mortífera”, “Evil Dead 2 – Uma Noite Alucinante” e “Uma Linda Mulher”. Os adultos ficaram conversando na sala, os primos ficaram brincando correndo no terreno e eu atravessei a tarde e o início da noite assistindo aos filmes no quarto, com refrigerante e biscoitos.
A obra, um tremendo sucesso de público na carreira do diretor Garry Marshall, sofreu ao longo das décadas muitos ataques tolos, matérias escritas por gente torta, complexada, intelectualmente insegura, um esforço que problematizou cada cena, na tentativa de manchar a reputação e a eficiência do roteiro de Jonathan Frederick Lawton. Aquele que se manteve lúcido durante o processo de emburrecimento e infantilização consciente da massa nos últimos 30 anos acompanhou a modificação.
Como rejeito totalmente as tentativas de lavagem cerebral, continuo aplaudindo de pé a linda essência romântica da trama, plenamente evidenciada na sequência em que Edward (Gere) proporciona à Vivian (Roberts) uma noite na ópera.
A jovem se surpreende incrivelmente emocionada ao som de “La Traviata”, de Verdi, não apenas pela identificação que sente com a cortesã Violetta, mas também pela força da arte, a elegância da produção, uma grandeza sensorial que ela não entendia e que jamais teria conhecido se não tivesse atravessado o caminho daquele homem.
É naquela noite que ele enxerga a real dama que se escondia na beleza triste, a dignidade que era constantemente maltratada pela vaidade pueril, ao notar as lágrimas descendo no rosto de Vivian, ele, que já havia se desconectado do mundo, sente ressurgir o prazer pela vida.
Um breve momento que poucos percebem, mas que considero brilhante na sutil entrega da atriz; na montagem, vemos a jovem, já imersa na apresentação, apoiar a mão enluvada no balcão do teatro, e, segundos depois, afastar o braço, como se inconscientemente sentisse que, pelo seu estilo de vida, não merecesse estar naquele local e partilhar aquela experiência.
Outro ponto bonito na mesma montagem, a forma como Edward abraça a emoção da jovem ao final da ária com um discreto olhar, para que ela, que exibia fragilizada a pureza de seu coração, não ficasse desconfortável.
O tom de conto de fadas, representado de forma mais direta no desfecho, é a cola que mantém todas as peças unidas, a lógica narrativa nunca é desrespeitada, nada soa absurdo, tudo faz sentido.
Vale destacar a competência da nossa impecável versão brasileira, do estúdio Herbert Richers, capitaneada pelos talentos da saudosa Vera Miranda e do querido amigo Ricardo Schnetzer. Nas revisões, eu não penso duas vezes, prestigio o trabalho fantástico destes mestres da dublagem que conseguiram tornar o resultado ainda mais charmoso.
“Uma Linda Mulher” segue imbatível em seu gênero, para o desgosto dos críticos azedos.
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