No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.
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Black (2005)
O filme conta a história de Michelle McNally (Rani Mukerji), uma jovem cega e surda. Por sua deficiência, é uma garota confusa, triste e violenta. Vive, assim, na escuridão. Até que conhece um professor (Amitabh Bachchan) que irá guiá-la a um outro universo, para o qual o conhecimento é a chave. A jovem então encontrará o caminho da luz.
O indiano Amitabh Bachchan é um dos atores mais queridos e respeitados em seu país desde a década de 70, ele demonstrou seu potencial em “Anand” (1971), bonita releitura do maravilhoso clássico “Viver”, de Akira Kurosawa, mas explodiu mesmo em popularidade com o épico gângster “Deewaar” (1975), que serviu de inspiração direta para “Long Hu Xiong Di”, da Shaw Brothers, que, por sua vez, inspirou o incrível “Alvo Duplo”, de John Woo.
Eu destaco também sua participação em pérolas como “Sholay” (1975), “Don” (1978) e o mais recente “Te3n” (2016), mas considero o lindo “Black” (2005) o melhor filme de sua longa carreira.
O roteirista/diretor Sanjay Leela Bhansali se encantou com a autobiografia da jovem Helen Keller, o excelente “A História da Minha Vida” (que indiquei anos atrás em uma das minhas tradicionais dicas literárias de final de semana), e, principalmente no primeiro ato, bebeu generosamente da fonte de sua inesquecível adaptação hollywoodiana, “O Milagre de Anne Sullivan”, de Arthur Penn.
A talentosa Rani Mukerji foi selecionada para viver a protagonista cega e surda, e, inicialmente temeu não poder dar conta da responsabilidade, uma trava que foi eliminada após estudar por sete meses a língua de sinais e o braille. A entrega dela emociona sobremaneira e exala autenticidade.
Um ponto que merece destaque é a inteligência da trama em jamais se debruçar no caminho mais fácil, extrair lágrimas deprimindo o público, o melodrama é forte, como é usual no cinema indiano, mas a história é conduzida com leveza e um senso de romantismo elegante que precisa urgentemente ser resgatado no mundo.
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