O Protetor – Capítulo Final (The Equalizer 3 – 2023)
Robert McCall (Denzel Washington) se sente em casa no sul da Itália, mas descobre que seus amigos estão sob o controle do crime local. À medida que os eventos se tornam mortais, McCall sabe que deve tornar-se o protetor de seus amigos enfrentando a máfia.
O primeiro filme, lançado em 2014, surpreendeu o mundo, um dos pontos mais interessantes na construção do personagem principal foi mérito do próprio ator, Denzel sugeriu que Robert tivesse transtorno obsessivo-compulsivo, característica que humanizava aquela figura, distanciando o vigilante de seus similares contemporâneos, como John Wick, tornando mais críveis as suas habilidades e, por conseguinte, facilitando o investimento emocional do público.
A continuação, lançada em 2018, repetiu a fórmula sem o mesmo brilho, a sua trama, apesar de intimista em seu conceito, falhava na execução, a longa duração desnecessária prejudicava a fluidez, o elenco secundário não ajudava, em suma, o resultado não ofendia, mas carecia de propósito.
O diretor Antoine Fuqua se redime desta feita entregando um produto superior ao original, acertando a mão até mesmo na inteligente curta duração, sem gordura extra, potencializando assim o simbolismo bonito de sua mensagem, celebrando valores fundamentais, utilizando o amor que nasce entre o protagonista e o povo simples e generoso da região em que é forçado a se recuperar fisicamente, após um descuido quase fatal.
A questão da beleza da amizade é representada até mesmo nos bastidores, já que a produção conta com a presença de Dakota Fanning, que, na infância, trabalhou com Denzel no excelente “Chamas da Vingança”, de 2004. A atriz vive uma jovem agente da CIA, alguém que, apesar de ter pouca experiência, exibe a coragem necessária para enfrentar o sistema, um traço de personalidade que Robert enxerga e valoriza sobremaneira.
O roteiro entende a ação como trava moral, ela serve para impedir que o mal explore a passividade local, ela não é o foco, logo, quando se faz presente pelas mãos do protagonista, a câmera reforça a sua função disciplinadora, ágil, quase como uma intervenção divina. E, neste sentido, destaco a montagem no terceiro ato que evidencia a alegoria, mostrando o povo nas ruas em um ritual católico, clamando por ajuda, consciente de que o seu anjo improvável está, naquele mesmo momento, limpando aquele belíssimo local do lixo humano que por muito tempo humilhou os trabalhadores.
Uma cena poderosa em sua simbologia é aquela em que o povo encoleirado pelo medo de décadas, mantido por um grupelho de criminosos, redescobre a bravura ao sentir na presença de Robert o respeito que apenas um bom líder exala. A atitude firme dele na situação abre os olhos da massa, desativa o transe hipnótico que fazia uma cidade inteira temer um punhado de cretinos arrogantes.
“O Protetor – Capítulo Final” é um filme espetacular em seu gênero, faz valer cada centavo investido no ingresso.
Cotação:
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