Críticas

Crítica de “Duna – Parte 2”, de Denis Villeneuve

Duna – Parte 2 (Dune: Part Two – 2024)

Diante da difícil escolha entre o amor de sua vida e o destino do universo conhecido, Paul Atreides (Timothée Chalamet), agora ao lado de Chani (Zendaya) e dos Fremen, dará tudo de si para evitar o futuro terrível que só ele pode prever.

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Que filmaço! Como fã da saga literária criada por Frank Herbert, afirmo com alívio que o diretor Denis Villeneuve, um dos maiores da atualidade, entregou a adaptação perfeita, honrando em letra e espírito a história do primeiro (e melhor) livro.

Esta segunda parte retoma a ação exatamente de onde a anterior havia terminado, na metade da obra, explorando com inteligência emocional a jornada do jovem Paul Atreides.

A trilha sonora de Hans Zimmer e o design de som experimentalista estão a serviço da narrativa, facilitando tremendamente uma das características mais fortes na proposta do filme, a imersão profunda naquele universo, que, vale ressaltar, exala verdade.

A direção de arte, a maquiagem e os figurinos foram evidentemente pensados minuciosamente, não há falhas, em suma, ficção científica hard, material adulto, sem concessões mercadológicas, que consegue demonstrar brilhantismo até mesmo nos necessários momentos de alívio cômico.

O elemento filosófico, apesar de obviamente complexo, principalmente levando em consideração o nível cretino e infantilizado do que a indústria vende nos últimos anos no gênero, jamais soa hermético, árido, o carinho de fã ardoroso com que o diretor imaginou cada momento objetiva conquistar o coração de todo tipo de público, inclusive aquele que costuma ter dificuldade em captar alegorias.

As sequências de ação ganham mais destaque desta feita, mas o que realmente surpreende é como elas são mantidas compreensíveis em sua escala absurdamente épica, um grande desafio, a fotografia de Greig Fraser vai na contramão do que é atualmente tido como engenhoso, ela não busca confundir o espectador. Eu destaco neste sentido a forma como o roteiro trabalha a expectativa para a aparição dos gigantescos vermes da areia, qualquer cineasta atual menos competente esvaziaria rapidamente o conceito.

O talentoso Austin Butler, vivendo o psicopata calculista Feyd-Rautha, garante com suas escolhas o peso dramático do combate que ocorre no terceiro ato. O personagem poderia ser facilmente transformado em pobre caricatura, basta analisar o desempenho pífio do cantor Sting na adaptação dirigida por David Lynch.

Um dos pontos mais fascinantes no livro é o tormento existencial inerente à lógica messiânica de se abraçar o destino, cumprir a profecia, os contornos sinistros de ser o “escolhido” em uma missão que inevitavelmente conduzirá ao sofrimento. Villeneuve iniciou bem este viés no primeiro, mas encontra mais espaço nesta conclusão para suscitar reflexões, com segurança suficiente para fechar a trama com uma imagem que implora por uma continuação.

Sim, ao contrário de muitos projetos cinematográficos modernos, “Duna – Parte 2”, com suas quase 3 horas de duração que passam voando, finaliza a história e deixa você querendo mais, torcendo para que o diretor adapte o segundo livro: “Messias de Duna”.

Uma última observação, uma dica importante, não deixe para prestigiar posteriormente esta obra em casa, ela é pensada para ser apreciada na maior e melhor tela possível.

Cotação:

  • O filme estreia nesta semana nas salas de cinema brasileiras.

Trailer:

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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