Críticas

Dica do DTC – “Mais Forte Que a Vingança”, de Sydney Pollack

No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.

***

Mais Forte Que a Vingança (Jeremiah Johnson – 1972)

Jeremiah Johnson (Robert Redford) é um homem que abandona a civilização e procura isolamento para aprender com um eremita (Will Geer) a ser um homem das montanhas. Mas ele é forçado a lutar contra a inconstância da natureza e quase todos os índios americanos das redondezas para sobreviver.

Um dos quadrinhos mais espetaculares que já li na vida é “Ken Parker”, criação dos italianos Giancarlo Berardi e Ivo Milazzo, guardo com carinho na coleção umas 25 edições da extinta editora Vecchi. Caso você tenha interesse, indico as histórias “Lar Doce Lar” e “A Balada de Pat O’Shane”, não conheço ninguém que tenha lido estas pérolas e não tenha gostado. O que isto tem a ver com a dica cinematográfica? O personagem foi diretamente inspirado, no visual e em essência, no Jeremiah Johnson, vivido por Robert Redford.

A assinatura de John Milius no roteiro é evidente desde os primeiros momentos, a pegada emocionalmente madura, com alívios cômicos rasgados e muito eficientes, uma utilização inteligente do silêncio, e, acima de tudo, a atenção especial à construção de clima, sem pressa, um ritmo lento, envolvente, garantindo um resultado que exala autenticidade em cada aspecto.

Há detalhes na construção narrativa que aprecio sobremaneira, como a cena em que Jeremiah percebe que sua barba está irritando o rosto sensível da jovem indígena, vivida por Delle Bolton, ou o tenso encontro dele com o menino traumatizado pelo ataque que eliminou boa parte de sua família.

A estrutura episódica reforça o caráter metafórico da mensagem humanista da obra, o protagonista é forçado a se adaptar rapidamente a todo tipo de situação. Ele buscava se isolar do mundo, mas simplesmente não consegue evitar estabelecer contato com vários tipos, com a fotografia exuberante de Duke Callaghan potencializando este conflito existencial através da representação do macrocosmo, a natureza selvagem que impõe diversos obstáculos ao homem.

  • Você encontra o filme com facilidade na internet.

Trailer:

Trilha sonora composta por John Rubinstein e Tim McIntire:

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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