A saudosa KATHARINE HEPBURN representa os valores que mais prezo nas mulheres: garra, coragem, forte personalidade e sofisticação (não aquela ditada pela moda, mas natural)
Desde cedo em sua carreira, a jovem percebeu o tipo de persona sensual que ela deveria interpretar para conquistar seu objetivo: ser famosa (em suas próprias palavras). Esperta, fez o jogo dos estúdios e chamou a atenção do produtor David O. Selznick.
Anos depois ela afirmaria que precisou mostrar as pernas para ser notada no meio machista da época. Obviamente que, como mulher inteligente que era, aproveitou a primeira oportunidade que obteve e impôs-se em sua profissão. Em meio a tantas bombshells e loiras platinadas, que disfarçavam a ausência de talento com algum carisma, Hepburn destacava-se como uma talentosa amazona selvagem, atlética e dominadora, mas que conseguia desmontar qualquer homem com um simples olhar.
A sua atitude obviamente não recebia acolhimento por parte do público feminino da época, que enxergava nela o reflexo de seus erros. O público masculino também não a apreciava muito, pois ficavam assustados com sua conduta firme e desafiadora. A reação nas bilheterias não era favorável e ela chegou a ser considerada um “veneno financeiro”, pois os filmes não recebiam o apoio do público.
Até mesmo a excelente comédia “Levada da Breca” (Bringing Up Baby – 1938), em que contracenava com Cary Grant, foi recebida friamente pelo público. Após alguns fracassos durante a década de 30, ela decidiu corajosamente se reinventar com um projeto em que interpretou uma mulher vulnerável e bem humorada, mas, acima de tudo, esperta. Com “Núpcias de Escândalo” (The Philadelphia Story – 1940), a estrela viu os holofotes buscarem-na novamente, conduzindo-a ao reconhecimento popular.
Katharine deve ser reconhecida por sua carreira cinematográfica brilhante, mas sinceramente considero-a mais merecedora de ser celebrada por suas atitudes em vida. Sempre me lembro de sua intempestividade deliciosa em “Uma Aventura na África” (The African Queen – 1951) ou da admiração refletida em seus olhos, no emocionante discurso final de Spencer Tracy em “Adivinhe Quem Vem Para Jantar” (Guess who’s Coming to Dinner – 1967).
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