No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.
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Rastros na Areia (1988)
Após o falecimento da mãe (Mara Prado), vítima constante da agressividade do pai (Maurício do Valle), o peão Davi (Dalvan) resolve deixar para trás a infância conturbada e a vida no campo para se aventurar na cidade. Ele enfrenta muitas dificuldades, mas a fé e suas conversas com Jesus Cristo (Décio Pinto) fazem com que ele supere todos os obstáculos.
O diretor Hércules Breseghelo havia alcançado sucesso anos antes com “Milagre – O Poder da Fé” (1979), veículo para explorar o carisma do saudoso cantor português Roberto Leal, obra que lotou as salas de cinema paulistas.
A dupla Duduca (José Trindade) e Dalvan (João Gomes de Almeida), os “leões da música sertaneja”, faziam muito sucesso nas rádios, a bonita canção gospel “Rastros na Areia”, do disco “Anistia de Amor”, de 1983, acabaria se tornando o fio condutor da única produção cinematográfica de Dalvan, que escalou Breseghelo para a tarefa, consciente de que ele conseguiria entregar a intensa simplicidade que cativava o povão.
O filme é tecnicamente problemático, mas a sua despretensão estética e sua objetividade narrativa evidenciam o respeito pelo elemento principal na equação de qualquer indústria séria: o respeito por seu público-alvo, a comunicação franca com quem pagou o ingresso. Você vai encontrar na internet textos sobre ele em tom de deboche, escritos por pseudointelectuais inseguros, provavelmente os mesmos que aplaudem as bobagens umbilicais de boa parte dos cinemanovistas, aqueles infalíveis antídotos contra insônia.
Dalvan não é ator, mas consegue transmitir emoção nas cenas necessárias, como naquela em que conversa com a mãe fragilizada.
Música-tema, composta por Manoelito Nunes e Mizael, adaptada da mensagem de José Spera:
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