O Último dos Moicanos (The Last of The Mohicans – 1992)
No século 18, em meio à guerra entre franceses e ingleses no continente norte-americano, um homem (Daniel Day-Lewis) branco criado pelos indígenas tenta defender a sua tribo dos ataques.
Eu me recordo vividamente do primeiro contato que tive com esta obra na infância, uma sessão em VHS na casa do meu avô na região serrana do RJ.
Não, sendo muito sincero, o que me recordo é do tremendo impacto sensorial dos últimos dez minutos no grupo espalhado pela sala. Não houve jeito, a decisão foi unânime, rebobinaram a fita até o minuto exato em que a sequência se iniciava e aumentaram o volume do som. Todos se aproximaram do televisor, apreciamos novamente, com atenção redobrada, aquele momento espetacular.
O livro original de James Fenimore Cooper já teve várias adaptações cinematográficas, a versão de 1936 com Randolph Scott é competente, serviu de base para o roteiro de Michael Mann, que aproveitou algumas variações que ela criou, mas eu destaco sobremaneira a excelente versão silenciosa de 1920, dirigida por Maurice Tourneur e Clarence Brown.
Uma curiosidade que evidencia o avançado estágio atual de perigosa infantilização da sociedade, eu lembro como este filme foi desprezado por muitos antes de seu lançamento devido à sua temática, adultos nas locadoras de vídeo defendiam que era uma bobagem para a garotada.
Entenda, aqueles eram tempos diferentes. No início da década de 90, a criança implorava para o pai relutante pagar a locação de uma fita com um super-herói na capa. Hoje, apenas três décadas depois, o pai paga caríssimo para manter a sua coleção de bonequinhos da Marvel na estante. Há alguma possibilidade deste cenário dar certo? Óbvio que não. Mas, sigamos remando contra a corrente, retornemos ao filme.
Quando o Major Duncan se redime ao trocar sua vida pela de Cora, o véu de previsibilidade é rasgado, o espectador inconscientemente se prepara para a colisão iminente, as lágrimas começam a descer pelo rosto. Chingachgook sofre a perda brutal do bravo filho Uncas, ele já não enxerga mais motivo para viver, logo, parte para o confronto com Magua iluminado pelos espíritos de seus antepassados.
O poderoso desfecho é uma comovente aula de cinema, realçando a importância da edição/montagem no desenvolvimento narrativo, a trilha sonora composta por Trevor Jones e Randy Edelman é fundamental na equação. Sacrifício, honra, piedade, desespero, dor, amor, coragem, vingança, tudo trabalhado sem necessidade de diálogos, um crescendo arrepiante de intensidade visceral.
Cena final comentada no texto:
The Gael/Promentory:
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