A Grande Fuga (The Great Escaper – 2023)
Bernard Jordan (Michael Caine), um veterano da Segunda Guerra Mundial, foge de sua casa de repouso para participar da comemoração do 70º aniversário do desembarque do Dia D na Normandia.
O novo trabalho do diretor britânico Oliver Parker explora com muito bom humor uma curiosa história real, aproveitando ao máximo o talento de seus protagonistas. O título original, uma espirituosa homenagem ao clássico “Fugindo do Inferno”, dirigido por John Sturges, lançado em 1963.
Glenda Jackson, falecida em 2023, teve a oportunidade de brilhar neste projeto simples e pleno em coração, vivendo a esposa de Bernard, interpretado pelo grande Michael Caine. O lendário ator anunciou sua aposentadoria, este papel é uma digna despedida artística.
As cenas iniciais inteligentemente estabelecem o contraste entre dois mundos opostos. O respeito do veterano pela memória de amigos abatidos no conflito, uma geração pautada por conceitos como honra e bravura. E, nos dias atuais, a sociedade que nasceu pelos esforços destes homens que lutaram pela liberdade, contaminada por uma existência vazia, insolente.
A sua figura frágil, lentamente retornando para a casa de repouso, terrivelmente lúcido, consciente de ter se tornado um peso dispensável nestes novos tristes e doentios tempos. A adorável esposa, companheira de tantos anos, tenta atrasar sua entrada no ambiente, pois está se maquiando. Este breve momento tão terno evidencia muito da personalidade dela e, principalmente, da solidez do amor que manteve o casal unido na jornada.
Quando Bernard, motivado pela esposa, decide abraçar uma última aventura, o roteiro de William Ivory acerta no ponto mais difícil, a trama, em nenhum momento, busca conforto no melodrama cafona ou pretensioso, o humor se mantém afiado, mordaz, conduzindo o público com segurança e de forma natural às lágrimas no terceiro ato.
Algumas subtramas não se sustentam tão bem, mas a presença de Jackson e Caine compensa qualquer problema. O espírito otimista que move a obra não poderia ser mais revigorante.
Um sentimento agridoce é despertado ao final, não somente pela sensibilidade do desenvolvimento narrativo minimalista, mas, acima de tudo, pelo reconhecimento de que filmes com este direcionamento, assim como os indivíduos nobres que ele celebra, estão em extinção.
Cotação:
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