O Mal Não Existe (Aku wa Sonzai Shinai – 2023)
Takumi (Hitoshi Omika) e sua filha, Hana (Ryo Nishikawa), moram na vila de Mizubiki, em Tóquio. Apesar da vida relativamente pacata, um dia os moradores acabam descobrindo a existência de um plano para construir um acampamento próximo à casa de Takumi, oferecendo aos moradores da cidade uma “fuga” confortável para se conectar com a natureza. No entanto, o que pode ser bom para alguns é o pesadelo de outros, pois toda esta movimentação afeta diretamente a vida de Takumi e Hana.
O novo trabalho do roteirista/diretor Ryusuke Hamaguchi é mais recompensador para o espectador do que seu projeto anterior, “Drive My Car” (2021), que pecava pela usual injustificada longa duração, opção que, no estilo lento que ele abraça, acabava tornando a experiência verdadeiramente difícil para grande parte do público.
Ele evoca o húngaro Béla Tarr no apreço pelo aspecto mais contemplativo desta arte, “Happy Hour” (2015), com absurdas cinco horas de duração, foi seu exercício mais autoindulgente. Com “O Mal Não Existe”, apesar das sequências com tomadas longas em que aparentemente nada acontece, ele consegue transmitir melhor a mensagem em menos de duas horas.
As primeiras cenas impõem o ritmo, vinte minutos em que acompanhamos o protagonista cortando lenha, depois coletando água de um riacho, interrompendo sua caminhada ao encontrar wasabi selvagem, a copa das árvores em movimento durante uma viagem de carro, em suma, com toda tranquilidade do mundo nós somos inseridos naquele modo de vida. Você é levado naturalmente a valorizar aquela realidade, e, por conseguinte, compreender o incômodo que qualquer elemento de caos externo pode causar naquelas pessoas.
O desfecho infelizmente é um ponto fraco, a forma que ele escolheu para concluir sua parábola ecológica reduz ainda mais o alcance da obra.
Cotação:
Trailer:
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