Crítica de “Um Tira da Pesada 4 – Axel Foley”, de Mark Molloy

Um Tira da Pesada 4 – Axel Foley (Beverly Hills Cop: Axel F – 2024)

O detetive Axel Foley (Eddie Murphy) retorna para Beverly Hills depois que sua filha (Taylour Paige) começa a receber ameaças. Com isso, ele se junta a um novo parceiro (Joseph Gordon-Levitt) e aos antigos companheiros Billy Rosewood (Judge Reinhold) e John Taggart (John Ashton) para acabar com uma conspiração.

O filme original de 1984 é um clássico que divertiu a garotada brasileira graças às frequentes exibições televisivas, com a dublagem maravilhosa da Herbert Richers, abrilhantada por Mário Jorge, Luiz Feier Motta, Antônio Patiño, Teresa Cristina, Silvio Navas, Nizo Neto e Newton da Matta, tornando o material ainda mais engraçado.

O segundo filme, lançado em 1987, não foi tão bom, perdeu por focar mais na ação, algo que deixou o tom menos leve, mas a situação se complicaria mesmo na terceira incursão, de 1994, um projeto desastroso em vários sentidos, simplesmente bobo, infantilizado, desorientado, com um protagonista visivelmente desinteressado.

O novo filme é, mais do que qualquer coisa, uma celebração nostálgica direcionada aos fãs, atitude criativa muito acertada, potencializada pela entrega do elenco, que, desta feita, não consegue esconder que está se doando de corpo e alma, todos conscientes de que provavelmente não haverá outra oportunidade tão simpática de restabelecer contato com o público através da confortável memória afetiva.

Este mesmo roteiro, caso tivesse sido lançado há 15 anos, faria pouco barulho, seria eclipsado por vários esforços similares de qualidade no mesmo gênero, mas o timing hoje não poderia ser melhor, a indústria norte-americana se autossabotou tanto nos últimos anos, destruiu com tamanha destreza seus próprios alicerces e, por conseguinte, desatou o laço de confiança com o público, que “Um Tira da Pesada 4”, favorecido por sua proposta honesta e razoavelmente livre de tortas agendas ideológicas, ganha destaque e merece ser abraçado calorosamente.

A obra não perde tempo, ela já presenteia logo de cara o espectador com um dos elementos mais fortes na equação de sucesso do original, o tema musical composto por Harold Faltermeyer, sem alterações, um gesto de respeito.

E já na primeira sequência de ação, inserem no tabuleiro um colega que admira Axel Foley, proporcionando momentos em que o detetive, vivido por Kyle S. More, representa cristalinamente o fã que pediu este filme por décadas. É uma opção nada sutil, mas executada de forma bonita, remando contra a corrente de deslegitimização de figuras heroicas masculinas no cenário doentio da Hollywood moderna.

Algumas cenas evocam conscientemente, de maneira inteligente, repetindo até enquadramentos, situações marcantes do original, mas há um esperto equilíbrio neste greatest hits, não soa gratuito.

O conceito de explorar a maturidade do protagonista era um caminho incontornável, agora ele é pai, Murphy encara esta reviravolta com perceptível brilho no olhar, você consegue enxergar em sua performance o carisma natural de seus primeiros papeis no cinema.

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