Críticas

Dica do DTC – “Sede de Amar”, de Andrei Konchalovsky

No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.

***

Sede de Amar (Duet for One – 1986)

Stephanie (Julie Andrews), uma famosa violinista casada com um compositor (Alan Bates), descobre que tem esclerose múltipla. Toda a sua vida se despedaça: a carreira termina de forma repentina, seu marido a trai com outra mulher e seu aluno (Rupert Everett) favorito decide sair em turnê. Ela começa então a fazer terapia com um psiquiatra (Max von Sydow).

O meu primeiro contato com a obra foi na infância, alguma sessão televisiva noturna, uma elegante produção da Cannon Films que foi injustamente apedrejada à época pelos críticos.

O diretor russo Andrei Konchalovsky, do brilhante “Expresso Para o Inferno” (1985), faz bonito fora de sua zona de conforto, trabalhando com inspiração livre no caso real da violoncelista britânica Jacqueline du Pré (o roteiro, adaptando a peça homônima de Tom Kempinski, substitui o instrumento pelo violino), um esforço que é potencializado pela entrega estupenda da grande Julie Andrews, no momento em que ela lutava para se provar definitivamente na indústria como atriz dramática, aceitando qualquer papel que fugisse da imagem doce que eternizou em seus musicais.

A forma como ela explora a angústia da artista que desaba psicologicamente a cada sinal de progressão da doença degenerativa é brutal. A vida perde o sentido, a sua frustração vai se intensificando, culminando no triste, mas belíssimo, desfecho onírico. Vale ressaltar no elenco a presença sempre competente de Liam Neeson.

Durante muito tempo, este filme foi difícil de encontrar, até mesmo os fãs mais ardorosos da atriz consideravam uma tarefa hercúlea, mas a libertária ferramenta da internet facilitou a vida de todos aqueles cinéfilos verdadeiramente dedicados, hoje, com uma simples busca no Google, em questão de segundos, você consegue apreciar esta pérola.

  • Você encontra o filme com facilidade garimpando na internet.

Trailer:

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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