No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.
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Operação Carambola (Operación Carambola – 1968)
Um falso agente de segurança nomeia Capulina como seu assistente, mas logo percebe que ele está sendo usado apenas como isca.
O garimpo cultural na internet possibilitou para qualquer cinéfilo dedicado entrar em contato com cinema de todas as nacionalidades e gêneros, material que era desprezado até mesmo em festivais. Infelizmente vivemos a era da preguiça e da infantilização, para cada indivíduo genuinamente interessado aproveitando cada oportunidade existem 200 “Tem na Netflix?”, 100 “Eu queria tanto ver esse filme, mas não encontro” (daí você checa em segundos o título no Google, lá está ele gratuito no Youtube) e uns 50 “estou vendendo meu Chevette”.
Gaspar Henaine Pérez, o Capulina, foi um dos comediantes mais queridos pelo público mexicano, o seu trabalho é relativamente desconhecido no Brasil. Ele fazia dupla com Viruta (Marco Antonio Campos), o estilo cômico era ingênuo, bobinho mesmo, com ênfase nas caretas e com muitas sequências com pegada circense e coreografadas de forma cartunesca. O aspecto mais divertido vinha da contribuição nos roteiros de Roberto Gómez Bolaños, o Chespirito, amado em nosso país, o eterno Chaves.
Eu assisti a vários projetos do Capulina no Youtube ao longo dos anos, não é um tipo de humor que me agrada, mas há uma adorável exceção, “Operação Carambola”, dirigida por Alfredo Zacarías, tirava um sarro com as convenções das aventuras do 007 vivido por Sean Connery, com direito até mesmo a um cenário que brinca com a megalomania maravilhosa que Ken Adam exercitava naqueles clássicos.
Chespirito, além de assinar o roteiro, rouba a cena como o capanga clouseauesco Carlitos. No elenco, destaco a presença de Alfonso Arau, que o público mais apaixonado pelo tema deve lembrar como o diretor de “Caminhando nas Nuvens”, vivendo uma variação do Dr. No, o maquiavélico Román Ayala. E, claro, impossível não ressaltar a beleza estonteante da Amadee Chabot.
Uma pérola que merece ser resgatada das estantes empoeiradas do tempo.
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