Crítica de “Coringa – Delírio a Dois”, de Todd Phillips

Coringa – Delírio a Dois (Joker: Folie à Deux – 2024)

O comediante fracassado Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) conhece o amor de sua vida, Harley Quinn (Lady Gaga), enquanto está encarcerado no Arkham State Hospital. Os dois embarcam em uma desventura romântica condenada.

Antes de qualquer coisa, considero FUNDAMENTAL que você leia a minha crítica do primeiro filme, publicada em 02 de outubro de 2019, clicando AQUI.

No meu texto, provo que a maioria falhou em compreender a corajosa proposta do roteirista/diretor. Muitos colegas à época debocharam da minha análise. O tempo é o senhor da razão.

A continuação apenas REFORÇA a mensagem, e, claro, uma multidão vai odiar descobrir que realmente estava errada sobre o original. É até engraçado, público e crítica esperneando porque este epílogo enfatiza o alerta para os efeitos psicologicamente danosos em longo prazo da mentalidade vitimista e do pensamento revolucionário.

Analisando friamente, o projeto não esconde ser desnecessário, o resultado logicamente é inferior, eu até imagino a pressão que os executivos fizeram visando o retorno financeiro. Phillips poderia ter passado o bastão, algum fantoche do sistema alegremente teria aceitado a tarefa, moldando o conceito no direcionamento equivocado da admiração pelo monstro, alimentado pela infantilização, desconsiderando o elemento alegórico que engrandecia o esforço anterior.

O público grisalho com coleção de bonequinhos na estante ficaria em estado de graça, mas, por sorte, Phillips aceitou a missão e, consciente de que nada mais precisava ser dito, que tudo já estava claro, inteligentemente sublinhou com tinta forte o aspecto doentio, verdadeiramente irresponsável e perigoso, da agenda que é financiada pelos titereiros do caos e aplaudida pela massa de manobra. Ao ampliar o espelho, o reflexo cristalino se tornou ainda mais asqueroso, causando em boa parte do público uma revolta interna, um conflito que incomoda sobremaneira.

Joaquin Phoenix novamente entrega uma atuação visceral, que capta com sensibilidade a proposta. O desfecho praticamente aponta o dedo na direção dos fãs que, por absurda identificação, outrora aplaudiram o personagem e berra: você precisa urgentemente repensar a sua sanidade mental. Uma atitude louvável, artisticamente íntegra, que precisa ser valorizada.

Cotação: