Megalópolis (Megalopolis – 2024)
A cidade de Nova Roma é palco de um conflito entre Cesar Catilina (Adam Driver), um artista genial a favor de um futuro utópico, e o ganancioso prefeito Franklyn Cicero (Giancarlo Esposito). Entre os dois está Julia Cicero (Nathalie Emmanuel), com a lealdade dividida entre o pai e o amado.
“Conseguiremos preservar nosso passado e sua herança maravilhosa? Ou seremos vítimas, assim como a Roma antiga, do apetite insaciável por poder de alguns poucos homens?”
O próprio detalhe do diretor salientar no título que se trata de uma fábula evidencia a coragem de quem sabe que não precisa provar nada a ninguém como artista, Francis Ford Coppola, no crepúsculo de sua vida, reconhece o abismo em que a sociedade se lançou e propõe com sarcasmo uma projeção futurista pessimista, ainda que, com base em seus posicionamentos políticos recentes, não consiga enxergar um palmo à frente do nariz.
Ele publicamente defende que sua obra não é ideologicamente enviesada, direciona a sua crítica para o microcosmo da indústria hollywoodiana, principalmente para as escolhas infantilizadas e imediatistas dos executivos nas últimas décadas, mas, infelizmente, ele se mostra incapaz de reconhecer que o problema que aponta se origina exatamente nas pautas que ele aplaude.
Coppola, como grande parte da classe artística mundial, ignora que é dispensável fantoche nas mãos dos titereiros do caos, provavelmente caiu como um patinho no cruel experimento de engenharia social (que prefiro considerar como informal teste de QI) administrado recentemente pela máfia branca com o apoio de seus tentáculos na imprensa, não se manifestou quando os absurdos injustificáveis começaram a escalar, tampouco demonstrou desconforto quando indivíduos lúcidos foram punidos porque não acatavam as regras ilógicas e incoerentes que os psicopatas bolaram, mas, em pleno 2024, segue alertando miopemente para a “ameaça totalitarista” no horizonte.
E isto, vale ressaltar, não deslegitima e nem arranha o seu tremendo mérito como cineasta, um louvável conjunto de obra. Ele é um dos melhores diretores de sua geração, um homem que, aos 85 anos de idade, poderia estar confortavelmente vivendo de suas glórias passadas, mas que, como todo artista sério, nunca se rende.
“Megalópolis”, enquanto esforço criativo, exibe inesperado vigor, um elenco motivado, grandes ideias, mas a execução é extremamente problemática.
O fato de não fazer concessões mercadológicas já era evidente na proposta, tudo bem, mas se a trama falha em manter a atenção do público, se o espectador checa o relógio nos primeiros quinze minutos, algo na construção narrativa está essencialmente quebrado.
Quando não há intenção de conexão emocional ou intelectual com os personagens, o roteiro precisa suprir a lacuna de alguma forma, a mensagem principal, por mais nobre que seja, precisa ser captada, logo, o receptor necessariamente deve se manter acordado e minimamente interessado.
Algumas boas cenas e um estilo visual arrojado não sustentam a experiência. A montagem caótica prejudica ainda mais a imersão, entendo que ela reforça a alegoria, mas afasta até mesmo o mais dedicado na plateia. É a realização de um sonho de décadas do diretor, isto é lindo, um produto profundamente autoral, independente, mas também é umbilical, autoindulgente e, acima de tudo, chato, incrivelmente chato.
E não estou focando na visão ingênua de mundo que a trama sinaliza, isto não é um problema, o que me incomoda é reconhecer que Coppola perdeu a mão, alguns desenvolvimentos chegam a ser grosseiros, confundem pelos motivos errados, apenas o senso de gratidão dos fãs impede que a mente se desligue por completo daquilo que é oferecido na tela.
Cotação:
Trailer:
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