Críticas

Dica do DTC – “Pedro Páramo” (1967), de Carlos Velo

No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.

***

Pedro Páramo (1967)

Em meio a época da Revolução Mexicana, Juan Preciado (Carlos Fernández) chega na cidade de Comala, após o falecimento de sua mãe, em busca de seu pai, Pedro Páramo (John Gavin). Mas muita dor e sofrimento já passou por aquele local, transformando-o em uma espécie de cidade fantasma.

No momento em que escrevo este texto, uma nova adaptação do livro de Juan Rulfo está sendo lançada na Netflix, com direção de Rodrigo Prieto, logo, considero importante resgatar este clássico do cinema mexicano, protagonizado pelo norte-americano John Gavin. Uma curiosidade, o ator afirmava que este era o seu trabalho favorito.

O livro é curtinho, lembro que garimpei na internet na época em que estava buscando as obras de Jorge Luis Borges, li em PDF durante uma tarde, como sou apreciador do realismo mágico, foi uma experiência muito prazerosa e filosoficamente enriquecedora. Depois, tive contato com uma das refilmagens, lançada no final da década de 70, mas não me encantou, quase desisti de procurar o original, até que, alguns anos depois, encontrei uma versão com imagem boa, gostei bastante, captou melhor a essência da obra.

Rulfo lançou apenas dois livros, o primeiro de contos, o segundo, “Pedro Páramo”, teve muita dificuldade para vender na época, a metade da primeira edição ele acabou dando de presente para os amigos. Poucos valorizaram o seu esforço, mas hoje é considerada uma das maiores obras do romance contemporâneo, muitos defendem que é o melhor romance mexicano de todos os tempos.

O roteiro reduz um pouco o elemento do misticismo, que é dominante no livro, mas consegue manter uma satisfatória atmosfera onírica.