Críticas

Crítica de “Jurado Nº 2”, de Clint Eastwood

Jurado Nº 2 (Juror #2 – 2024)

Pai (Nicholas Hoult) de família serve como jurado em um importante julgamento de assassinato. Ele se depara com um dilema moral significativo que pode influenciar o veredito do júri, potencialmente condenando ou absolvendo o réu acusado de homicídio.

O mestre Clint Eastwood retorna aos 94 anos, com o frescor e a lucidez de um jovem estudante, auxiliado por um elenco perceptivelmente motivado, defendendo um material acima da média, um roteiro, assinado por Jonathan A. Abrams, que remete ao conceito do clássico “12 Homens e Uma Sentença” (1957), explorando de forma complexa e psicologicamente madura questões como ética, verdade e justiça.

Os advogados, vividos por Toni Collette (acusação) e Chris Messina (defesa), muito diferente do que ocorre usualmente em filmes jurídicos, acabam sendo vítimas do próprio sistema, os dois cumprem seus papéis nas exposições iniciais dos argumentos, mas o olhar hitchcockiano do diretor está focado no conflito interno que gradativamente vai consumindo o jovem jurado.

Ao optar por esta abordagem, a obra corajosamente atira pela janela o aspecto mercadológico (não é coincidência ela não estar sendo lançada nas salas de cinema brasileiras), debruçando-se nas discussões filosóficas que propõe a cada novo detalhe que é inserido no caso, evidenciando a fragilidade das convicções diante do peso da realidade.

O desfecho em aberto é brilhante, a imagem final apela para a régua moral de cada espectador, sem facilitar o exame de consciência com respostas fáceis, Clint inteligentemente convida o público a pensar sobre qual seria o próximo passo mais correto, mais justo, mais humano, levando em conta a decisão oficial do júri.

“Jurado Nº 2” é um filme poderoso em todos os sentidos, que provavelmente será beneficiado em revisões.

Cotação:

  • O filme será lançado nesta semana na plataforma de streaming MAX.

Trailer:

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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