A Garota da Agulha (Pigen Med Nålen – 2024)
Uma jovem (Vic Carmen Sonne) grávida e recém-desempregada luta para sobreviver em Copenhague após a Primeira Guerra Mundial. Ela é acolhida por uma mulher (Trine Dyrholm) carismática para ajudar a comandar uma agência de adoção clandestina. As duas formam um vínculo inesperado, até que uma descoberta repentina muda tudo.
O diretor sueco-polonês Magnus von Horn, que assina o roteiro com a Line Langebek Knudsen, encontrou uma forma plena em simbolismo de contar a história real da Dagmar Overbye, traçando um sutil, corajoso e inteligente paralelo, verdadeiramente perturbador, com o que os lúcidos no mundo testemunharam nos últimos cinco anos.
O que pode ocorrer quando se confia cegamente o bem-estar de alguém puro e inocente nas mãos de uma psicopata?
Os cenários, tanto na maneira como são iluminados quanto na representação visual dos mesmos na direção de arte da Jagna Dobesz, emoldurada na propositalmente claustrofóbica proporção de tela 4:3 (quadrada), remetem claramente à distorção existencial do expressionismo alemão, proposta que reforça sobremaneira a mensagem por trás da trama. E, vale ressaltar, poucos captarão sem o auxílio da revisão esta camada subliminar de interpretação.
Os acontecimentos são desenvolvidos objetivando o impacto máximo no público, a trilha sonora da Frederikke Hoffmeier potencializa ainda mais este direcionamento, não há espaço para recuperar o fôlego, tampouco preocupação em aliviar a experiência, a obra metaforicamente pune a consciência de todos que permitem, por insegurança intelectual, medo ou covardia, que monstros, lobos em pele de cordeiro, tomem o controle.
É uma tristeza saber que este excelente terror psicológico dinamarquês terá sua jornada muito dificultada no Brasil, um país cujo povo reclama de ter que ler legendas e que se mostra incapaz de compreender o preto e branco em altíssimo contraste da fotografia de Michael Dymek como opção estética, “A Garota da Agulha” é, desde já, um dos melhores filmes do ano.
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