Neste especial “Woody Allen”, começo sempre com um texto cômico, no estilo do homenageado, um dos meus ídolos nesta arte.
A moda agora é reboot, então, para continuar honrando minha fama de inovador, nessa “Segunda Fase” seguirei essa tendência com a maior sutileza, de maneira que meus leitores não irão perceber em nenhum momento estarem tomando parte nesse processo. Por exemplo, não irei optar pela óbvia descaracterização do corpo do texto, modificando a diagramação ou o estilo adotado. Sabem a disposição das imagens? Seria subestimar a inteligência dos leitores, demonstrar meu reboot adicionando mais imagens ou excluindo-as.
Pensei em assinar com outro nome, mas acabou a tinta da minha esferográfica e as lojas já estão todas fechadas. Como está calor hoje! Caso esteja lendo o texto num dia de frio, utilize sua imaginação, ou entenda esse trecho como liberdade poética. Sinceramente, já estou cansado dessa estrutura: “sit-down comedy” + texto sobre o filme. Tenho sempre que ficar preparando algo engraçado e que tenha a ver com o tema do filme, incorrendo no risco de criar algo com muitos parágrafos, impossível de ser lido pelo público moderno. Mas sobre isso eu já falei no texto anterior, o que é uma péssima forma de se iniciar um reboot.
Aproveito para avisar que durante algumas semanas nas redes sociais devo ter, anexado ao meu nome, o sobrenome “Tamarindo Chochaw Shuberry”, pois iniciei uma campanha virtual pelo resgate da importância de coisas que não sei bem o que são, mas como está todo mundo nessa mesma luta e não precisarei fazer nada que atrapalhe o horário das novelas, nem me faça levantar da cadeira e sair desse ar-condicionado (já falei que está calor lá fora?), posarei como um tipo de idealista revolucionário. Aliás, meu avatar será trocado temporariamente por uma foto minha, digitalmente retocada, camuflado na selva e abraçando um tamarindeiro.
Tudo pela causa, seja ela qual for, contanto que me garanta certo status ilusório, colocado em risco assim que iniciar o BBB, ou algum outro final de novela empolgante captar a atenção do povo, daí, então, terei assuntos mais importantes para discutir. Falando em discutir, fico vendo os filmes mais existencialistas do Woody Allen e percebo como as discussões entre os personagens nas mesas de jantar são sempre tão profundas, com tias citando Schopenhauer e sobrinhos revidando com Descartes. Se eu citasse Nietzsche na mesa de jantar, o máximo que receberia seria um: “Saúde!”
PARABÉNS PELO REBOOT, ESTAMOS ADORANDO A FORMA COM QUE ESTÁ TRABALHANDO ESTE CONCEITO. VOCÊ PROMETEU E REALMENTE ESTÁ ENTREGANDO UMA “SEGUNDA FASE” COMPLETAMENTE DIFERENTE DA PRIMEIRA. SÓ NÃO GOSTEI MUITO DA PARTE SOBRE O SOBRENOME NAS REDES SOCIAIS, PORQUE OFENDE MINHA AVÓ JUÇARA PEIXOTO, QUE, HOJE PELA MANHÃ, MUDOU SEU NOME NO FACEBOOK PARA: “JUÇARA SAMPAKU ITACURUÇÁ”. ELA DISSE QUE IRÁ ENVIAR UMA RECLAMAÇÃO PARA VOCÊ, ASSIM QUE TERMINAR DE POSTAR AS FOTOS DE BEBÊS TIGRES DA ÁFRICA.
ASS: HELIOMAR SUPERMOUSE SHAZAM
Interiores (Interiors – 1978)
Quando uma designer de interiores (Geraldine Page) é abandonada por seu marido, o frio relacionamento entre suas três filhas adultas é exposto. Atormentadas por ciúmes, insegurança e ressentimento, Renata (Diane Keaton), uma escritora de sucesso, Flyn (Kristin Griffith), uma mulher mutilada pela indecisão e Joey (Mary Beth Hurt), uma atriz iniciante, lutam para comunicarem-se umas com as outras. Mas quando seu pai inesperadamente apaixona-se por outra mulher (Maureen Stapleton), sua decisão de voltar a casar inicia um movimento terrível do destino. Com trágicas e inesperadas consequências.
O sucesso comercial do filme anterior apenas firmou, mais ainda, na mente do diretor, o desejo de demonstrar ser capaz de emular seu ídolo: Ingmar Bergman. Acredito que não deixei isso claro nos textos anteriores. Ele sempre subestimou o valor de suas próprias obras, comparando-as com os trabalhos que eram realizados por outros diretores mais engajados da época, sem perceber que a gargalhada é uma forma de critica mais contundente que a austeridade.
O caso é que o filme lida com um tema muito forte, sem nunca apelar para o necessário subterfúgio do alívio cômico, tornando tudo muito reflexivo. Em sua ânsia por impor uma profundidade na estética, que seria mais bem equilibrada nos posteriores “Setembro” e “A Outra”, Allen anestesia o espectador. O tema é bem conduzido, bela analogia é feita entre a preocupação da mãe com a decoração de interiores e o ruir das estruturas familiares, mas não cumpre com eficiência plena o seu potencial.
O excelente diretor de fotografia Gordon Willis, elemento essencial na evolução de Allen como diretor, retoma a parceria iniciada no filme anterior, e que se estenderia até “A Rosa Púrpura do Cairo”, em 1985, garantindo longas tomadas sem cortes, potencializando os diálogos brilhantes de Allen.
MEU CARO, EU ESTOU MUITO SATISFEITO. VOCÊ NÃO INCLUIU NENHUMA PIADINHA NESTE TRECHO SOBRE O FILME. APROVEITO PARA DIZER QUE CONVERSEI COM MINHA AVÓ E ELA DESISTIU DE ENVIAR A RECLAMAÇÃO. ELA ESTÁ EM UM MOMENTO MUITO FELIZ, POIS ACABA DE DESCOBRIR QUE GANHOU UM PRÊMIO EM UM CONCURSO, UMA VIAGEM PARA SUA PRÓPRIA CIDADE COM TUDO PAGO, ONDE PODERÁ VISITAR OS MELHORES RESTAURANTES, SENTAR NOS BANCOS DAS PRAÇAS E CONHECER MELHOR SEUS VIZINHOS. ELA ATÉ DESLIGOU O COMPUTADOR, ACREDITA?
ASS: HELIOMAR VOTE550 GUEVARA