Quando não há mais esperança, você precisa buscar inspiração no porto seguro da arte. Selecionei 4 obras que podem ajudar muito neste objetivo.
Tomates Verdes Fritos (Fried Green Tomatoes – 1991)
A história é narrada pela personagem de Jessica Tandy, uma senhora que vive o crepúsculo de sua vida em um asilo. A sua vitalidade impressiona a personagem vivida por Kathy Bates, uma dona de casa sem autoestima, escrava de um relacionamento desgastado, com um homem grosseiro que só pensa em beber e assistir seus jogos de beisebol. O amor e a gratidão, que levam a mulher a se responsabilizar pelo futuro da senhora, tão frágil e desvalorizada na sociedade, responsável por sua decisiva mudança de atitude. O trem segue seu caminho, o passageiro mais calado, aquele que fica no canto, que ninguém dá valor, pode mudar totalmente o rumo de sua vida.
O Oitavo Dia (Le Huitième Jour – 1996)
Harry (Daniel Auteuil) é um empresário estressado, que trabalha no departamento comercial de um banco belga e foi abandonado por sua esposa e filhas há pouco tempo. Deprimido, ele se dedica ao trabalho durante os 7 dias da semana. Até que um dia ele decide vagar pelas estradas da França, sem rumo definido. Após quase atropelar Georges (Pascal Duquenne), que sofre de síndrome de Down, Harry decide levá-lo para casa mas não consegue se desvencilhar dele. A busca do rapaz, neste encantador road movie, pelo conceito de “voltar para casa”, reflete o exaurimento da esperança nesta sociedade narcisista. A pureza dele, ao final, sacrificada como expiação dos pecados do mundo.
Nenhum a Menos (Yi Ge Dou Bu Neng Shao- 1999)
A saga de uma professora obstinada e uma criança que não seria uma estatística. Esforço impressionante do sensível diretor Zhang Yimou em retratar o lado mais belo da natureza humana. Quando o professor da humilde escola primária local precisa ausentar-se por um mês, o prefeito convoca a menina para ser a professora substituta. O modesto pagamento lhe será dado caso ela consiga evitar a desistência das crianças. As famílias são paupérrimas e não existe esperança nos olhos dos alunos, que externam a angústia com atos de rebeldia. A discussão que a obra fomenta, entre a falta de perspectiva desmotivadora e o progressivo estímulo da menina em lutar por aquele único aluno, estabelece uma parábola inspiradora e realista.
Candelaria (2017)
Havana, 1994. Com a Guerra Fria chegando ao fim e a União Soviética se desintegrando, o embargo à Cuba continua intacto e mais firme do que nunca. No meio disso tudo, a vida do casal Candelaria, 75, e Victor Hugo, 76, está cada vez mais monótona e triste. Mas toda a fase obscura começa a mudar quando encontram uma câmera e, curiosos, passam a filmar seu dia a dia, e reencontram parte de sua vida perdida. O problema é que, tempos depois, o objeto desaparecerá. A imagem mitifica o mundano, o homem enxerga novamente na esposa a beleza, e, por conseguinte, ao perceber que seu corpo ainda encanta o marido, ela resgata sua autoestima, volta a sorrir sem motivo específico.