Eu sou apaixonado pela ficção científica em livros e filmes, foi o meu gênero de formação, junto com o terror, logo, selecionei para esta lista títulos menos conhecidos e que estão entre os meus favoritos. As reflexões que estes roteiros suscitam permanecerão contigo muito tempo após a sessão.
Sr. Ninguém (Mr. Nobody – 2009)
Nemo Nobody (Jared Leto) é um homem comum, que leva uma vida também comum ao lado da mulher, Elise, e dos três filhos. Isso até o dia em que, sem a menor explicação, ele acorda no ano de 2092. Nemo está com 120 anos de idade. Agora, além de ser o homem mais velho do mundo, ele é o último mortal de uma nova espécie humana num mundo onde ninguém mais falece. Isso não parece causar interesse particular em Nemo e nem ao menos o aborrece. Mas há algumas coisas que preocupam: ele viveu uma vida correta? Amou a mulher que deveria amar? Teve os filhos que imaginou ter? Para Nemo, o propósito de sua existência está em encontrar respostas para essas questões.
Primer (2004)
Se você achou “Donnie Darko” um filme desafiador, ou utiliza “A Origem” como sinônimo de filme complicado, você não faz ideia do nível de complexidade desse pequeno projeto independente de baixíssimo orçamento, praticamente desconhecido pelo grande público, que eu considero um dos melhores no que tange o tema da viagem no tempo. O jovem idealizador, que somou as funções de roteirista, diretor, editor, compositor da trilha e ator, Shane Carruth, formado em matemática e que, na época, não tinha experiência alguma no cinema, juntou um grupo de amigos e filmou “Primer”. Boa parte do filme não está sequer bem focada, o som é bem ruim, os atores são limitados, mas a história e a execução são tão geniais que renderam ao longa o prêmio do júri no cultuado Festival Sundance, entre outros prêmios em festivais de ficção científica.
Sob a Pele (Under The Skin – 2013)
Uma bela mulher de cabelos negros e lábios vermelhos, vivida por Scarlett Johansson, seduz os homens solitários que encontra em seu caminho. Ninguém imagina que sob sua pele se esconde uma perigosa alienígena que pode acabar com vidas para cumprir os desejos da sua espécie.
O Mundo Por Um Fio (Welt am Draht – 1973)
Em algum lugar do futuro, há um projeto de computador chamado Simulacron que é capaz de simular uma realidade. Um dia, o líder do projeto falece. Seu sucessor experimenta um estranho fenômeno. Um amigo desaparece no meio de uma conversa e uma semana depois ninguém ouviu falar sobre ele. Simulacron pode ter alguma a ver com tudo isto? Pérola dirigida por R.W. Fassbinder.
A Mais Cruel Batalha (No Blade of Grass – 1970)
No início dos anos 70, os níveis de poluição ambiental global fugiram totalmente do controle, provocando uma epidemia de fome que começou na Ásia e na África, logo se espalhando por todos continentes. Na Inglaterra, o governo decide decretar estado de quarentena. Um renomado biólogo é avisado com antecedência e, temendo o pior, resolve fugir de Londres com a família, dirigindo-se para a Escócia. Como ele previa, o caos se instala por toda Grã-Bretanha.
No Mundo de 2020 (Soylent Green – 1973)
Visto por muitos como um filme menor, normalmente esquecido quando se mencionam as obras de ficção científica com temática apocalíptica da década de setenta, considero essa obra, dirigida por Richard Fleischer, uma das mais eficientes. O personagem vivido pelo excelente Edward G. Robinson não precisa ler nos tomos sobre a beleza das chuvas de outono, pois em sua juventude sentiu-a em seu rosto. O mundo foi destruído pela ambição do homem, que se multiplicou sem critério, enquanto dividia cada vez mais seus recursos naturais. Não existe espaço para abrigar tantos corpos, que se amontoam em ruas devastadas pela poluição. O velho Sol Roth (Robinson) aceita as migalhas que lhe são atiradas, junto de seu amigo, o detetive Thorn (Charlton Heston), para quem aquela triste realidade é a única existente.
Viagem ao Fim do Universo (Ikarie XB 1 – 1963)
Ano de 2163. Um grupo de homens e mulheres deixa a Terra para cumprir uma missão: colonizar um planeta recém-descoberto. No entanto, eles encontrarão grandes problemas no meio do caminho – encontros com seres alienígenas, pane de sua espaçonave e tensões entre os membros da expedição -, situações que podem colocar tudo a perder. Produção tcheca baseada em livro de Stanisław Lem, de “Solaris”.
Stalker (1979)
Obra-prima do diretor Andrei Tarkóvski, baseada no livro “Piquenique na Estrada”, de Arkady e Boris Strugatsky. Após a suposta queda de meteoritos numa região do planeta, essa região adquire propriedades estranhas e é chamada de Zona. Dentro da Zona, diz a lenda ter o Quarto, que seria um lugar onde todos os seus desejos são realizados. Temendo que a população invada à procura do Quarto, o exército a isola, mas eles próprios não têm coragem de entrar nela. Apenas alguns poucos, chamados Stalkers, têm habilidade suficiente para entrar e sobreviver lá dentro. Um dia, um escritor famoso e um professor contratam um Stalker para os guiarem ao Quarto, sem exatamente saber o que procuram.
Inimigo Meu (Enemy Mine – 1985)
Durante uma guerra futurística entre a Terra e o planeta Dracon, dois guerreiros inimigos são abatidos e fazem aterrissagens forçadas em um planeta desolado e inóspito. A princípio, o humano e o réptil alienígena estão determinados a destruírem-se mutuamente. Mas logo as difíceis condições no planeta obrigam a dupla a juntar forças para enfrentar a natureza, e os dois pilotos gradualmente percebem que a única maneira de manterem-se vivos é superando o ódio mortal. Refinada produção, comandada por Wolfgang Petersen.
Terra Tranquila (The Quiet Earth – 1985)
Depois do apocalipse nuclear, a Terra fica silenciosa. Se “O Dia Seguinte” inaugurou o gênero de filmes sobre o pós-apocalipse nuclear, em que o forte impacto das imagens se associava ao medo atômico, “Terra Tranquila” marca uma vertente mais intimista dos filmes apocalípticos. O cientista Zac Hobson (Bruno Lawrence) acorda uma manhã e descobre que está só no mundo. Em meio ao silêncio, entre a euforia e o desespero, ele tenta encontrar mais alguém e desvendar o que aconteceu. Anteriormente envolvido em um projeto de pesquisa governamental, ele começa a questionar-se sobre sua responsabilidade no sumiço generalizado.