O Candelabro Italiano (Rome Adventure – 1962)
Durante uma viagem à Itália, a bibliotecária Prudence Bell (Suzanne Pleshette) se envolve com dois homens muito diferentes. Roberto (Rossano Brazzi) é um galanteador mais velho e Don (Troy Donahue) é um arquiteto de idade próxima a sua, que tenta sair de um relacionamento fracassado.
O mais comum ao ler textos modernos sobre a obra é encontrar ataques imbuídos em deboche, utilizando como argumento negativo o roteiro ser moralista, o conceito idílico do romantismo e da elegância jamais será compreendido por mentes doentias, vitimistas, complexadas e invejosas, que endeusam terroristas e que consideram vandalismo uma forma justificável de protesto.
O período refletido nesta pérola de Delmer Daves infelizmente se perdeu, empoeirado nas prateleiras da História, valorizado apenas por aqueles que o viveram em sua plenitude ou por jovens, como se costuma dizer, com “alma velha”.
Eu jamais aceitei o processo (consciente) de emburrecimento e bestialização da sociedade nas últimas décadas, respiro os tesouros culturais do passado desde a pré-adolescência, sinto intenso prazer no garimpo, e “O Candelabro Italiano” fez parte da minha fase inicial de aventuras pelas locadoras de vídeo.
A minha saudosa avó materna falava deste filme, ela tinha a trilha sonora em vinil, mas não costumava passar na TV (muito tempo antes das possibilidades da TV a cabo), logo, o título entrou na minha lista de raridades que buscava nas locadoras.
Naquela época, os apaixonados por cinema não ficavam sentados esperando alguém responder se tinha o filme na Netflix, nós literalmente preparávamos uma mochila com lanche, água, guias de vídeo, e pegávamos ônibus, trem, corríamos para tentar visitar o maior número de locadoras na cidade antes do horário de fechamento.
E, claro, neste processo mágico, conversávamos sobre o tema com atendentes, trocávamos informações (não existia internet), uma experiência inesquecível que fortalecia o amor pela arte. Hoje, as pessoas sentem preguiça de procurar informação no Google.
Após algumas tentativas frustradas, finalmente consegui encontrar o VHS, se não me falha a memória, lançado pela Tocantins Cine Vídeo.
Obviamente fiz uma cópia na época e guardei na coleção, normalmente colocava para rodar no aparelho nas festividades de final de ano, mas revendo hoje, para a preparação do texto, décadas depois, já em DVD, fiquei surpreso com o frescor da trama, o tempo foi muito generoso com o projeto, ou, talvez, o mundo atual de valores invertidos esteja tão horroroso e doentio que rever algo tão belo e puro seja verdadeiramente um necessário fortalecedor terapêutico.
O roteiro do próprio diretor adapta o livro “Lovers Must Learn”, lançado em 1932 por Irving Fineman, apoiando-se bastante no encantamento natural garantido pela beleza das locações italianas, captadas com o refinamento usual da fotografia do grande Charles Lawton Jr. (de “A Dama de Shanghai”, de Orson Welles), e no arrebatador carisma do trio principal, (a estreante) Suzanne Pleshette, Rossano Brazzi e Troy Donahue.
A cena inicial, elemento curioso, já é um enfrentamento direto aos críticos de ontem e de hoje, posicionando a protagonista aceitando um debate franco com senhoras do comitê escolar, sofrendo por ter indicado à uma aluna um livro (o material que originou o filme) considerado adulto demais (“a mãe da aluna colocou tanta maldade nas relações íntimas entre homens e mulheres, que achei que este livro pudesse ajudá-la”), uma das oradoras chega a problematizar a palavra “amantes”.
Ela considera a palavra obscena, atitude que recebe uma resposta certeira, que pode ser facilmente direcionada às feministas de hoje, Prudence (Pleshette) defende que é importante que as jovens leiam a obra para que não se tornem mulheres mal-amadas e solitárias que demonizam os homens.
A sábia bibliotecária entende que há beleza no amor, até mesmo quando o relacionamento não dá certo, e que seres humanos são falíveis, não é monopólio de um gênero, aqueles que segregam e instigam conflitos nesta seara são espíritos de porco, vazios, tristes, facilmente utilizados nas páginas da História por regimes totalitários como patética massa de manobra.
Ela abandona então a monótona cidade e seu sonho acadêmico, partindo rumo à Itália, local que, aos seus olhos, exala romance e doçura. O que se segue é a clássica estrutura do triângulo amoroso melodramático que a Hollywood da era de ouro sabia fazer tão bem, com muitas idas e vindas que conduzem ao adorável final feliz, não há nada inesperado, nem é esta a proposta, apenas momentos acalentadores com diálogos espirituosos.
O candelabro de ouro puro do bonito título brasileiro (superando o genérico original) é comprado pelo jovem Don (Donahue) como símbolo da integridade do sentimento que nutre por Prudence, elemento que ganhará ainda mais relevância alegórica no sensível desfecho.
“Muito além do bem mais precioso, está você, muito além do sonho mais ambicioso, está você, muito além das estrelas e das coisas mais belas, está você.”(Al di là, composta por Carlo Donida e Mogol, cantada por Emilio Pericoli)
Trilha sonora composta por Max Steiner:
Candelabro Italiano me fez querer conhecer as diversas paisagens da Itália. Concordo com a opinião de Octavio Caruso. O filme é uma obra de arte, mas não é para toda uma geração que não gosta de cultura. Tenho meu dvd original e sempre vejo novamente.
Esse filme marcou demais a minha adolescência, retratando a pureza do verdadeiro amor da época, deixando exposta a beleza da Itália com uma trilha sonora imortal. Pena que os jovens de hoje não enxerguem o valor desta obra prima.
Eu vi esse filme quando eu tinha uns 16 anos, na década de 1990, de madrugada, na sessão coruja, na Globo. Nunca mais esqueci esse filme. É uma pérola da sétima arte!!
Eu vi este lindo filme tb. Eu tinha um casal de amigos, que estávamos sempre saindo nos finais de semanas, e falando de filmes o meu amigo comentou dessa obra maravilhosa e TB sobre a música, eu sorri e cantei para ele essa música, aí ele ficou maravilhado, e toda vez que estávamos em um lugar bacana eu tinha que cantar para ele. Hoje meu amigo já não está entre nós. Tenho muita saudades dele. Edson Silva Maciel , esse é seu nome.??
Lindo, lindo esse filme. Ficou na minha imaginação de adolescente. Comprei pra assistir em casa sempre. Alguém levou o cd. Quero comprar de novo mas não sei onde.
Tudo deu certo no propósito desse inesquecível filme: a história romântica, o cenário maravilhoso da Itália, a música tema Al-Di-La e a química do casal principal: Suzanne Plechette e Troy Donahue, além de Rossano Brazzi e Angie Dikinson 👏👏👏
Parabéns pelo texto! Esse filme marcou minha adolescência, vi mais de 10 vezes. Tenho o DVD e revejo ocasionalmente. A paisagem, a trilha sonora, tudo é inesquecível. Pena que não ferem mais filmes assim… Os tempos são outros? Sei que sim mas, infelizmente, a juventude é outra, jamais gostariam desse tipo de filme. Fica na saudade e na memória de quem viu e gostou, como eu.
Filme inesquecível! Assisti na minha infância, porém marcou. Hoje, gostaria de rever. Lendo os comentários, vi que muitos têm a película 🎥. Como proceder para, também, “renovar” os sentimentos, assistindo novamente?
Esse filme marcou muito minha adolescência !
Assisti várias vezes e sempre tendo a mesma emoção .
Minha mãe sempre comentou sobre. Assistiu adolescente, no cinema. Pude rever com ela na Sessão da Tarde, final dos anos 80, início dos anos 90. Bons tempos em que se podia assistir esses clássicos à tardinha, vi meio da semana.
Assisti na minha juventude e fiquei encantada com a fotografia e os atores. A música muito romântica é linda e hoje tenho uma cópia do filme em Dvd que vejo qdo bate a saudade
Um dos melhores filmes da minha adolescência. Lindo, romântico, belo cenário da Itália é uma música inesquecível.
Al di là – muito além.
Esse povo que demoniza esse filma temos que ter pena. Coitados!!!
Bom texto. Assisti no cinema, quando ainda garota, e senti como se estivesse na Itália. Fiquei com vontade de rever.