O Resgate de Jéssica (Everybody’s Baby: The Rescue of Jessica McClure – 1989)
Baseado em um caso real. Bebê de um ano e meio cai dentro de um cano de água desativado na casa de sua tia. Durante 58 horas, o país acompanha as tentativas de resgate de Jéssica, presa ao cano de 20 centímetros de diâmetro a cerca de 6 metros de profundidade.
Esta pérola passou tanto na televisão brasileira dos anos 80 e 90, primeiro no horário nobre, depois na “Sessão da Tarde”, na época em que o maldito conceito do “politicamente correto” só existia na distopia totalitarista de Orwell.
A garotada chegava da escola e se angustiava com o drama da pequena Jéssica; hoje, com o sistema produzindo conscientemente massa de manobra jovem com capacidade cognitiva limitada, fica até difícil acreditar que filmes como este eram exibidos diversas vezes, inclusive discutidos em sala de aula.
Eu gravei em VHS à época, em velocidade EP, para caber mais filmes na fita, mas já nem lembrava mais, ao rever, para a preparação do texto, fiquei positivamente surpreso, a execução segue eficiente.
O caso real comoveu o mundo, manchete de todos os jornais, obviamente não demorou para que a indústria do entretenimento explorasse dramaticamente o evento.
Jéssica McClure é uma católica fervorosa que viveu um real milagre, hoje atua como professora, ainda é lembrada de vez em quando pela imprensa sensacionalista, mas infelizmente a nova geração imediatista e desinteressada ignora sua história, por isso é importante resgatar este telefilme, protagonizado por Beau Bridges e Patty Duke, que ficou acumulando poeira nas prateleiras do tempo.
A direção é do competente Mel Damski, veterano que carregava no currículo contribuições em séries como “M.A.S.H.” e “A Mulher Biônica”, além de longas como “Namorados por Acaso” e “A Longa Viagem de Volta” (1978), outro tesouro raríssimo que passava na programação do SBT e que todo cinéfilo dedicado consegue encontrar garimpando na internet.
O roteiro assinado por David Eyre Jr. (de “Raízes, o Levante”, de 1988) não foge dos clichês melodramáticos compreensíveis, a proposta não era reinventar a roda, mas consegue extrair momentos de genuína emoção, celebrando o heroísmo da vida real, pessoas comuns da cidade reunidas numa corrida contra o tempo.
Cada mínimo erro cometido poderia vibrar o terreno, fazendo a menina escorregar para mais fundo. Vale destacar que a produção contou (na frente e atrás das câmeras) com várias pessoas que participaram do resgate, elemento que agrega veracidade à narrativa.
Quem viu não esquece a emocionante cena da desesperada mãe (vivida pela belíssima Roxana Zal, dublada na versão brasileira por Miriam Ficher) cantando para tentar manter sua filha acordada, o silêncio devastador que é rompido pela voz fraca da criança, a esperança improvável que revitaliza as forças da valorosa equipe.
- Você encontra o filme completo no Youtube.