Todos os Homens do Presidente (All The President’s Men – 1976)
Em uma noite comum, no Edifício Watergate, luzes revelam quatro criminosos pegos no ato. Por causa dos acontecimentos daquela noite, naquele prédio, um presidente dos Estados Unidos acabou sendo levado para fora da Casa Branca. Dois repórteres de Washington, Bob Woodward (Robert Redford) e Carl Bernstein (Dustin Hoffman) agarraram a história e mantiveram-se agarrados a ela, desafiando dúvidas e negações.
O diretor Alan J. Pakula mostra a extrema dedicação de dois jornalistas contra os vários tentáculos do corrupto sistema. Na essência da trama está a razão do temor dos políticos por um jornalismo independente, e, claro, o motivo que faz com que todo esquema político corrupto dependa de um quarto poder comprado e submisso. De certa forma, uma obra que complementa “Rede de Intrigas”, de Lumet.
O roteiro de William Goldman nos coloca praticamente sentados na mesa com os protagonistas, por vezes em detrimento de uma maior fluência narrativa, possibilitando que vivenciemos com exatidão de detalhes uma investigação jornalística. Uma abordagem que dificilmente seria escolhida nos dias de hoje, já que o público anseia cada vez mais pelo entretenimento imediatista, raso.
O filme e seus protagonistas íntegros, analisados nos dias de hoje, parecem uma relíquia alienígena, a imprensa e o sistema se abraçaram nas últimas décadas de forma tão carinhosa, um escondendo os crimes do outro, enquanto silenciam qualquer voz independente que lute pela verdade, que “Todos os Homens do Presidente” pode ser visto como símbolo de um jornalismo que foi abandonado por opções mais lucrativas, eliminando qualquer vestígio de ética e caráter, já que a desinformação se tornou regra, contaminando todas as vertentes da comunicação, sujando o legado dos grandes profissionais do passado.
Uma pérola que merece ser redescoberta pelos jovens cinéfilos dedicados, potencializada pela impecável atuação de Jason Robards, vivendo o diretor de redação do Washington Post.