No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.
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A Rainha Diaba (1974)
Do quarto dos fundos de um bordel, o bandido conhecido como Rainha Diaba (Milton Gonçalves) controla a distribuição de drogas na cidade. Ao saber que um de seus homens está prestes a ser preso, resolve fabricar um novo bandido para enganar a polícia.
Este é um daqueles filmes que transmitem tão bem a sensação de sujeira, principalmente moral, que, quando terminam, você fica com vontade de tomar banho. O melhor trabalho de Milton Gonçalves no cinema, o mais desafiador, comandado com segurança por Antonio Carlos da Fontoura, com argumento de Plínio Marcos, inspirado livremente no criminoso carioca conhecido como Madame Satã. A obra conta com a presença de Odete Lara e uma boa trilha sonora, composta por Guilherme Magalhães Vaz, que emula a assinatura sonora característica das pérolas policiais blaxploitation.
O desfecho chocante representa bem o universo intensamente doentio que retrata com tintas fortes, com os criminosos, vividos por Nelson Xavier, Wilson Grey, Lutero Luiz, Yara Cortes e Procópio Mariano, entre outros, mostrando que não há alianças entre cobras, a sede por poder cega todos. A pegada crua é perceptível já nos créditos iniciais, em papel crepom e cartolina, baixíssimo orçamento, kitsch, captando bem o espírito da trama.
- Você encontra facilmente o filme garimpando na internet.