No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.
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O Prisioneiro de Zenda (The Prisoner of Zenda – 1922)
Quando o rei é drogado e sequestrado por seu invejoso irmão, um parente distante que possui certa semelhança com o regente se vê obrigado a assumir seu lugar para que o trono não seja usurpado.
Hoje em dia já é difícil encontrar um adulto brasileiro que se importe em estudar sobre a era silenciosa do cinema, a garotada então, despreza solenemente, exatamente por este motivo considero tão importante, enquanto profissional da área, estimular a valorização deste período fascinante e fundamental para a sétima arte.
Barbara La Marr (Reatha Dale Watson) começou na indústria norte-americana por trás das câmeras, como prolífica roteirista na produtora independente Fox Film Corporation (que seria fundida em 1935 com a Twentieth Century Pictures, formando a 20th Century-Fox), até que Douglas Fairbanks, percebendo que a câmera se apaixonaria por seu rosto, convidou a jovem para um papel de destaque em “O Maluco” (1921), e, no mesmo ano, presentearia ela com o papel de Milady de Winter na sua produção: “Os Três Mosqueteiros”.
A esposa de Fairbanks, Mary Pickford, teceu um elogio que repercutiu na imprensa da época: “Minha querida, você é linda demais para estar atrás de uma câmera. O seu magnetismo vibrante deve ser compartilhado pelo público do cinema”. O nome de La Marr passou a ser acompanhado nas matérias pela frase: “A garota que é bonita demais.”
É uma pena que muitos projetos de sua carreira tenham sido perdidos, mas, do que é possível encontrar na internet, destaco a sua participação como a amante francesa do duque Michael, Antoinette de Mauban, na excelente aventura “O Prisioneiro de Zenda”, adaptação do livro homônimo de Anthony Hope, dirigida pelo sempre competente Rex Ingram e roteirizada por Mary O’Hara Alsop, contando no elenco com nomes como Lewis Stone, Alice Terry e Ramon Novarro (na época, ainda utilizando o nome Ramon Samaniegos).
O trabalho com luz e sombras é impressionante, uma característica na carreira do diretor, uma elegância que se impõe com segurança, sem exageros, mérito da fotografia do grande John F. Seitz, que está entre as melhores da década de 1920.
- Você encontra facilmente o filme garimpando na internet.