No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.
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A Cidade Branca (Dans la Ville Blanche – 1983)
Marinheiro suíço, Paul (Bruno Ganz) deserta do seu barulhento posto e desembarca na cidade de Lisboa. Ele aluga um quarto e passa a adorar a cidade. Ele está apaixonada por Elisa (Julia Vonderlinn), com quem saiu na Suíça, e manda para ela cartas e filmes que ele capta com sua câmera de 8mm, descrevendo a brancura do local e a solidão.
Eu tive contato com este tesouro luso-helvético-britânico anos atrás, quando garimpei na internet objetivando preencher as lacunas na filmografia do saudoso Bruno Ganz, e, fora o tom onírico hipnótico, lembro que fiquei vidrado na excelente trilha sonora jazzística composta por Jean-Luc Barbier.
A experiência não é hermética, apesar do ritmo lento e da melancolia dominante, a sua estrutura transmite com sensibilidade poética a sensação de não pertencimento, de estar suspenso em algum ponto fora do tempo e do espaço, opção que imediatamente conecta o espectador ao vazio existencial do protagonista, em sua jornada pelas labirínticas ruas de Lisboa.
O filme recebeu o prêmio César de melhor filme em língua francesa e de melhor filme estrangeiro no Fotogramas de Plata, e, ainda, recebeu indicação para o Urso de Ouro em Berlim.
- Você encontra o filme com facilidade garimpando na internet.