Eu sempre fui apaixonado por ficção científica, colecionei na infância “Isaac Asimov Magazine”, guardo com carinho até hoje os 25 volumes lançados no Brasil pela Editora Record, tenho em minha biblioteca todos os clássicos dos grandes autores do gênero, garimpei em sebos ao longo dos anos os bolsilivros da portuguesa Coleção Argonauta, Coleção Ficção Científica (da Editora Europa-América) e Mundos da Ficção Científica (da Editora Francisco Alves), tesouros da Bruguera e Hemus, devorei o primeiro ciclo de Perry Rhodan, em suma, este universo apaixonante foi fundamental na minha formação como leitor e escritor.
No cinema, a importância do gênero é fundamental, ele foi um alicerce forte no glorioso amanhecer desta arte, aqueles primeiros anos em que a ferramenta atraía o público pelo encantamento da imagem em movimento.
O potencial criativo das histórias desafiava os cineastas, não apenas nas trucagens, mas também nas reflexões propostas, afinal, o elemento mágico imediatista, trabalhado muito bem por nomes como Georges Méliès, deu lugar rapidamente ao desenvolvimento narrativo mais corajoso.
O “distante futuro” idealizado como metáfora positiva ou negativa, na tentativa de entreter e fazer pensar, acabou se tornando terreno fértil para aqueles que enxergavam naquele novo recurso tecnológico a oportunidade de entregar algo intelectualmente mais recompensador.
Hoje, o avanço tecnológico possibilita ao cineasta realizar praticamente qualquer ideia, mas, infelizmente, exatamente no momento em que tudo é possível, a massa simplesmente desistiu de raciocinar. A facilidade gerou preguiça, apatia, raros são aqueles que verdadeiramente honram o “sapiens” que sucede o “homo”.
Eu selecionei abaixo 12 pérolas disponíveis no Youtube que ajudaram a estabelecer o cinema como arte, um tesouro de valor inestimável.
A lista está em ordem de lançamento. Prepare a pipoca e boa sessão!
Viagem à Lua (Le Voyage Dans la Lune – 1902)
Inspirado por obras como o livro “Da Terra à Lua”, de Júlio Verne, o francês Georges Méliès produziu este clássico. Um grupo de homens viaja à Lua, sendo levados por uma cápsula lançada de um canhão gigante, mas acabam sendo capturados por homens-lua.
20.000 Léguas Submarinas (20000 lieues sous les mers – 1907)
Novamente inspirado pela obra de Júlio Verne, Méliès brinca com as desventuras de um pescador sonhador que encontra criaturas subaquáticas místicas.
O Hotel Elétrico (Hôtel électrique – 1908)
Dirigido pelo espanhol Segundo de Chomón. Um jovem casal entusiasmado fica surpreso com os avanços gigantescos da tecnologia moderna no fascinante campo da eletricidade.
The Airship Destroyer (1909)
Pérola britânica dirigida por William R. Booth. Um inventor utiliza aviões não tripulados contra zepelins inimigos após a casa de sua amada ser destruída por um bombardeio.
Frankenstein (1910)
Pérola norte-americana dirigida por J. Searle Dawley que adapta a obra da Mary Shelley. Um jovem estudante de ciências, que se interessa pelos mistérios da vida e da morte, deseja criar um ser humano.
O Médico e o Monstro (Dr. Jekyll and Mr. Hyde – 1913)
Dirigido por Herbert Brennan. O saudoso William King Baggot protagoniza esta adaptação da obra de Robert Louis Stevenson.
A Message From Mars (1913)
Dirigido por Wallett Waller. Pérola britânica que conta a história de um marciano que recebe a missão de vir para a Terra salvar um homem de seu egoísmo.
Der Tunnel (1915)
Pérola alemã dirigida por William Wauer. Max Allan, um engenheiro visionário, convence investidores a financiar a construção de uma ferrovia submarina que liga a França aos Estados Unidos. Mas existem forças poderosas que querem impedir o seu sonho futurista.
O Fim do Mundo (Verdens Undergang – 1916)
Pérola dinamarquesa dirigida por August Blom. O filme retrata uma catástrofe mundial quando um cometa errante passa pela Terra e causa desastres naturais e agitação social.
Uma Viagem a Marte (Himmelskibet – 1918)
Pérola dinamarquesa dirigida por Holger-Madsen. Um grupo de pesquisadores da Terra viaja em uma nave espacial até Marte, onde, para grande surpresa de todos, encontra uma civilização pacifista.
Algol (Algol. Tragödie der Macht – 1920)
Pérola alemã dirigida por Hans Werckmeister, com Emil Jannings. Um alienígena do planeta Algol dá a um homem um dispositivo que cria energia suficiente para abastecer o mundo inteiro.
Aelita, a Rainha de Marte (Aelita – 1924)
Pérola soviética dirigida por Yakov Protazanov. Um jovem viaja para Marte num foguete, onde lidera uma revolta popular contra o grupo governante com o apoio da Rainha Aelita, que se apaixonou por ele depois de observá-lo através de um telescópio.