Quando eu era criança, tive meu primeiro contato com a zarzuela através da exibição televisiva do magnífico “Os Três Tenores In Concert” (1994).
Claro que naquela idade eu não sabia o que era uma zarzuela, mas uma das canções do show que eu memorizei e ficava cantando baixinho na escola e nos encontros familiares (para o espanto das professoras e dos parentes) era “Amor, Vida de Mi Vida“, defendida por Plácido Domingo (fiz questão de incluir o vídeo em questão no final da matéria).
Muitos anos depois, já na fase de garimpo cultural na internet, por curiosidade, busquei informações sobre a música, foi quando descobri que ela era composta por Federico Moreno Torroba para a zarzuela “Maravilla”. Há um filme, lançado em 1957, parece até que a música nem é tocada, mas nunca consegui encontrar.
O que é então a zarzuela? Trocando em miúdos, ela é uma ópera espanhola, focada em temas regionais, contos folclóricos, algo essencialmente popular.
- Caso você se interesse pelo tema, escrevi em 2015 sobre uma obra que não é exatamente zarzuela, mas que conta com a presença da bela Carmen Sevilla e do tenor Luis Mariano, “Violetas Imperiais”, uma linda opereta espanhola que merece ser redescoberta. LEIA O MEU TEXTO CLICANDO AQUI.
Eu selecionei três ótimas zarzuelas que você encontra com facilidade na internet. A lista está na ordem de lançamento.
LA REVOLTOSA (1950)
Adaptação da zarzuela de José López Silva, Carlos Fernández Shaw e Ruperto Chapí, dirigida por JOSÉ DÍAZ MORALES.
A bela Mari Pepa (Carmen Sevilla), que trabalha como passadeira, mora com o irmão e a tia nas favelas de Madri. O irmão causa problemas e ela é forçada a abandonar o local. O destino faz com que ela se mude para o cortiço onde Felipe (Tony Leblanc), que é apaixonado pela jovem, também é inquilino.
Trecho:
“Cuando clava mi moreno”:
DOÑA FRANCISQUITA (1952)
“Francisquita” (Mirtha Legrand) ama Fernando (Armando Calvo) em segredo, mas ele se apaixonou por outra mulher, Aurora “La Beltrana” (Emma Penella), uma garota temperamental de Madrid, acostumada a flertar com muitos homens.
Pérola dirigida por LADISLAO VAJDA, de “Marcelino Pão e Vinho” (1955), adaptando a zarzuela de Amadeo Vives, Federico Romero Sarachaga e Guillermo Fernández-Shaw. O filme foi apresentado no Festival de Cannes de 1953.
Trecho:
“Fandango”:
LA VERBENA DE LA PALOMA (1963)
A vida transcorre tranquilamente num bairro tradicional de Madrid. Duas lindas meninas, Susana (Concha Velasco) e Casta (Irán Eory), trabalhadoras de um comércio local, aceitam o namoro de um boticário maduro, Don Hilarión (Miguel Ligero). Este carinho não agrada o jovem Julián (Vicente Parra), que está apaixonado por Susana. Tudo se complica quando chega o dia da festa de La Paloma e as duas jovens, lindas como sempre com seu xale pardo e vestido de seda chinesa, decidem acompanhar seu antigo admirador.
Dirigida por JOSÉ LUIS SÁENZ DE HEREDIA, esta é a competente refilmagem colorida do clássico espanhol homônimo de 1935, dirigido por Benito Perojo, adaptando a zarzuela de Ricardo de la Vega e Tomás Bretón. Vale destacar que o original foi restaurado na década de 90 pela Filmoteca Espanhola, apesar de ser considerado incompleto, também pode ser facilmente encontrado na internet.
Trailer:
“Preludio”:
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A música que marcou minha infância e que me fez, muitos anos depois, descobrir e estudar a zarzuela: