Armadilha Mortal (Deathtrap – 1982)
É um crime revelar muito sobre a trama desta brincadeira metalinguística de Sidney Lumet, adaptado por Jay Presson Allen de uma celebrada peça de Ira Levin, um de seus filmes injustamente menos citados.
Christopher Reeve, no auge de seu sucesso como Superman, entrega a melhor atuação de sua carreira, plena em nuances que agregam valor à revisão, chegando a eclipsar, em vários momentos, a competência serena de Michael Caine, que vive o dramaturgo veterano em declínio, que pretende eliminar um jovem talentoso, com o objetivo de se apropriar de sua primeira peça. Dyan Cannon, como a esposa do personagem de Caine, exagerando na caricatura, acaba sendo o ponto fraco do projeto.
O leitmotiv da manipulação é conduzido de forma especialmente interessante para escritores, explorando, em variados níveis, a ganância e o orgulho inerentes a todos que se dedicam nesta arte.
Jogando divertidamente com as fórmulas dos thrillers literários, as muitas reviravoltas continuam eficientes, surpreendendo ainda mais pela coragem na abordagem de um dos relacionamentos. É interessante imaginar a dificuldade de Lumet em transmitir a emoção da peça, dar relevância à adaptação cinematográfica, sem um elemento fundamental na obra: a reação da plateia.
A impressão de teatro filmado é evitada pela fotografia do polonês Andrzej Bartkowiak, uma excelente utilização de cores, que me fez lembrar, em algumas cenas, o trabalho de Mario Bava. O resultado é um ótimo exemplo da versatilidade do diretor.
Oi Octavio, gosto muito destas “pinçadas” maravilhosas de filmes mais antigos.
Continue…..agradeço.
Grato pelo carinho, Maria Helena. Continuarei, claro, amo o que faço. Já são 10 anos nesta luta diária como crítico de cinema.
Espero contar sempre contigo.
Bjão!