O único filme protagonizado por Elvis a ser selecionado para preservação no Registro Nacional de Filmes (United States National Film Registry), por sua importância na cultura norte-americana. O símbolo eterno de sua atitude rebelde, que causou impacto já em sua estreia, com relatos de brigas de gangues em suas sessões, uma juventude que começava a despertar, de forma compreensivelmente desajeitada, para a necessidade de evitar a simples cópia visual do molde paterno.
O Prisioneiro do Rock (Jailhouse Rock – 1957)
Enviado para a prisão após matar um homem acidentalmente, Vince Everett (Presley), resolve cantar atrás das grades. Um golpe de sorte o coloca, frente a frente, com uma bela caçadora de talentos (Tyler) de uma gravadora, e o rapaz tem a oportunidade da sair da cadeia e se tornar um astro do rock.
Dentre os vários contratos de cinema que o rapaz assinou sem ler, esse, seu primeiro projeto para a MGM, foi um dos maiores acertos do Coronel Parker. Após uma obra leve, simpática e de cores vibrantes, nada melhor que inserir o roqueiro em uma situação mais barra pesada, com um roteiro esperto escrito por um profissional premiado, Nedrick Young, que seria responsável, alguns anos depois, pelo excelente “O Vento Será Tua Herança”. Dá para imaginar a felicidade do garoto, fanático por cinema, ao saber que iria utilizar o mesmo camarim de Clark Gable e, pela primeira vez, ser dirigido por um veterano respeitado na indústria, Richard Thorpe, de “Ivanhoé – O Vingador do Rei”.
Era óbvio que o garoto agora estava sendo tratado com extremo respeito pelos produtores, tendo provado ser mais que apenas um ídolo momentâneo da garotada. Sem a necessidade mercadológica de sustentar seu nome no pôster com outros artistas mais experientes, pela primeira vez, Elvis segurava sozinho a bronca, com total confiança dos executivos.
Na pré-produção, o jovem se encontrou com Alex Romero, o coreógrafo que assistiu várias de suas apresentações, para inserir aqueles movimentos na grande cena, a apresentação da canção-título, composta por Jerry Leiber e Mike Stoller. A ideia inicial era seguir um estilo mais convencional de passos, mas, em pouco tempo, perceberam que seria um desperdício não aproveitar o estilo original do cantor. A sequência entrou para a história da cultura pop, considerada, por muitos, o primeiro videoclipe musical.
Romero voltaria a trabalhar como coreógrafo com Elvis no filme “O Barco do Amor” (Clambake, de 1967). Judy Tyler, a bela morena que encanta o protagonista ao acreditar em seu potencial, e que chegou a namorar o cantor nas filmagens, faleceria alguns dias após o término da produção, decapitada em um terrível acidente de automóvel com o marido bailarino Gregory LaFayette. Elvis ficou inconsolável, recusando-se a sequer ver o filme novamente pelo resto da vida.
A trilha sonora é empolgante, além da excelente canção-título, com temas como “(You’re so Square) Baby I Don’t Care”, “Don’t Leave Me Now” e “Treat Me Nice”, que, não somente funcionam na trama, como poderiam constar em qualquer lista de melhores canções gravadas pelo artista. Abner Silver e Aaron Schroeder contribuíram com a linda balada “Young and Beautiful”, que emoldura o emocionante desfecho.
Sem a necessidade de ser simpático, defendendo o seu primeiro personagem verdadeiramente cínico, um bad boy, simbolizado na clássica cena em que, após roubar o beijo de uma gatinha, ele afirma: “Não são táticas, querida, é apenas a fera em mim”, Elvis teve a chance rara de exercitar sua atuação, que seria lapidada ainda mais no próximo trabalho.
A Seguir: “Balada Sangrenta” (King Creole)