Billy Jack (1971)
Tom Laughlin interpreta o personagem-título, um descendente dos índios americanos e ex-Boina Verde voltando a viver na solidão em uma reserva no Arizona. Neste momento um grupo de estudantes enfrenta a intolerância racial da comunidade local. Transformado em um protetor da escola, Billy Jack não tem outra escolha a não ser fazer justiça com as próprias mãos.
Em um esforço hercúleo do astro Tom Laughlin, que protagonizou, produziu, roteirizou, dirigiu e financiou sua projeção nos cinemas, este projeto de seus sonhos tornou-se um objeto de culto na década de setenta, mas hoje são poucos os que se recordam dele. Como praticante de Hapkido (técnica que envolve, além do uso de bastões e leques, a utilização de pontos do corpo, que quando pressionados, imobilizam o oponente), Laughlin intencionava disseminar em sua cultura esta arte.
A trama é simples e um tanto quanto datada, colocando em confronto o conceito hippie da época (a escola incentivava as crianças a serem livres, pintando, andando a cavalo e encenando peças teatrais) e o sistema policial opressor. As cenas de luta, coreografadas pelo mestre Bong Soo Han, impressionam na utilização realista dos chutes, inclusive um que realmente se choca com o rosto do oponente.
O melhor momento continua sendo o desfecho, que não envolve uma coreografia de artes marciais, mas funciona emocionalmente, com a ajuda da ótima canção-tema: “One Tin Soldier”, como um encerramento coerente para o arco narrativo do protagonista.
Após ser levado ao seu limite, o obstinado “soldado de lata” recebe o apoio dos únicos seres por quem devotou sua existência. Neste mundo de valores invertidos, como diz o refrão da música: “Vá em frente e odeie seu vizinho, minta para seu amigo, mas faça em nome de Deus, pois assim poderá se justificar ao final.”