Quem Não Corre, Voa! (The Cannonball Run – 1981)
Pilotos muito estranhos entram numa corrida ilegal de Connecticut à Califórnia, onde podem usar qualquer transporte terrestre. Os participantes querem vencer a qualquer custo e ainda ganhar umas gatas no caminho.
Revisitando o filme recentemente, posso afirmar que ele não possui mérito algum que o eleve acima de qualquer comédia de sua época. A direção do dublê de ação Hal Needham (de “Agarra-me se Puderes”) é ruim e desordenada, seu trabalho com os atores é praticamente inexistente, fator que nesta obra chega a agregar. Na realidade, são tantos astros e egos inflados que fica a impressão, para quem vê, que nem mesmo os atores sabiam muito bem como seria o resultado final. Todos parecem estar em um grande acampamento de férias muito bem remunerado.
A história é um simples pretexto para preencher as lacunas entre uma brincadeira e outra. Nem todas funcionam, a maioria envelheceu mal e algumas aparentam não ter funcionado nem mesmo em sua época. Na ilegal corrida “Cannonball”, pessoas de várias partes do mundo e de variadas profissões se juntam em busca do prêmio final, levando a sério a máxima: os meios justificam os fins.
Entre os participantes somos presenteados com personagens unidimensionais que parecem ter acabado de sair de uma revista em quadrinhos. Dean Martin e Sammy Davis Jr. roubam as cenas como trambiqueiros travestidos de padres. Martin deve ter bebido duas garrafas de whisky antes de cada take, pois são dele as improvisações mais engraçadas, como quando responde a um pedido de bênção de Dom DeLuise. Como esquecer também do eterno James Bond: Roger Moore, interpretando um mimado “filhinho da mamãe” que acredita ser o famoso ator “Roger Moore”? Burt Reynolds e Dom DeLuise comandam o espetáculo, com uma química imbatível e que nos mantém interessados mesmo nos momentos mais fracos.
“Quem Não Corre, Voa!” é garantia de diversão, mais pelo clima de camaradagem em cena, do que pelas piadas. É um desfile de rostos conhecidos, como Jackie Chan, Peter Fonda e Farrah Fawcett em uma trama minúscula em que sobra espaço até para um alter-ego heróico, com direito a capa, máscara e música tema (cantarolada pelo próprio): Capitão Caos! É ruim, bobo, cheio de falhas, mas eu adoro.