Tempo de Massacre (Le Colt Cantarono la Morte e Fu… Tempo di Massacro – 1966)
Tom Corbert (Franco Nero) retorna à sua cidade e encontra suas terras em posse dos Scott. O seu amigo é eliminado por pistoleiros da família que monopoliza a região. Tom então inicia um terrível plano de vingança com a ajuda de seu irmão, vivido por George Hilton.
O diretor italiano Lucio Fulci é reconhecido mundialmente pelo seu trabalho com o terror (obras como “Zombi 2” e “Terror nas Trevas”), mas ele fez alguns Westerns, sendo “Tempo de Massacre” seu primeiro e melhor trabalho no gênero. Franco Nero (vindo do recente sucesso em “Django”) alia-se ao uruguaio George Hilton (que viria a se estabelecer no gênero, inclusive interpretando o mítico “Sartana”) em uma das melhores sequências de ação já captadas no “Spaghetti Western”.
A excelente trilha sonora (de Coriolano Gori, com música-tema cantada em inglês, como de costume, por Sergio Endrigo) e a violenta cena do chicoteamento sofrido pelo herói, não somente foram poupadas pela cruel ação do tempo, como conseguem manter sua eficiência intacta.
O alívio cômico na figura do esperto coveiro (vivido pelo chinês Tchang Yu), que cobra até pela saliva gasta em sua informação, induzirá o espectador ao riso com a mesma habilidade.
O excruciante fator tempo, problema maior que encontro ao revisitar os filmes italianos do gênero, foi ultrapassado com habilidade por Fulci neste caso (infelizmente não posso dizer o mesmo de “Os Quatro do Apocalipse”, que ele dirigiu em 1975).
Inspirado pelo faroeste psicológico de Raoul Walsh: “Sua Única Saída” (Pursued – 1947), o filme foi um divisor de águas para o diretor (que atrairia a atenção de produtores) e para seus dois protagonistas. Nero confirmaria com este sucesso seu carisma lucrativo (substituindo Giuliano Gemma aos olhos dos fãs), enquanto Hilton viria a construir uma carreira graças a este papel coadjuvante, em que eclipsa o protagonista.
O ponto alto, inclusive servindo de inspiração para o cineasta John Woo, é o tiroteio final, em que o espetáculo de destruição (anterior ao “Meu Ódio Será sua Herança”, que Sam Peckinpah realizaria em 1969) desrespeita qualquer verossimilhança, com Nero saltando acrobaticamente e já caindo atirando.
As imagens que guardo na memória após a sessão são aquelas em que a dupla claramente se diverte enquanto realiza sua missão, trocando de armas entre si. A camaradagem entre pessoas que se respeitam, mesmo com divergências, unindo-se em um objetivo comum.
Octavio eu tenho um carinho muito grande por este spaghetti western. Foi o primeiro que assisti com Franco Nero. Tornei-me fã desse ator e o imitava. Antes era Giuliano Gemma, depois foi Nero. É um western original, com elementos de mistério, suspense e muita ação e violência. Possui algumas falhas, mas é um grande representante do gênero. Sempre ressaltei a sua trilha sonora, belíssima, de autoria do maestro Coriolano Gori, cantada em inglês pelo grande Sergio Endrigo. O final é antológico, com Fulci adicionando surrealismo, Júnior cai e os pombos voam como que saindo de dentro dele. Na minha interpretação é o seguinte: ele representa uma ave de rapina, que paira sobre todos e devora tudo e todos. No entanto o sentimento bom está aprisionado dentro dele tentando se libertar, por isso o aleijão que ele possui em seu corpo, com o pescoço pendendo para o lado direito (a paz se contorce dentro dele). quando ele morre o sentimento bom escapa finalmente na forma dos pombos, e a paz então volta para as pessoas daquela cidade. Final antológico que muitos diretores, incluindo americanos, depois tentaram imitar. Parabéns por lembrar desse filme
Grato pela gentileza, Aprigio.