O Vingador Tóxico (The Toxic Avenger – 1984)
Começo dizendo que este talvez seja o “guilty” mais forte desta minha série de textos sobre “guilty pleasures”. Pensei três vezes antes de confessá-lo. Selecionei o meu primeiro contato com a independente “Troma” (criada por Lloyd Kaufman), na adolescência, numa noite do início da década de 90, transmitido pelo canal MTV, no extinto programa “Contos de Thunder”, apresentado por Luiz Thunderbird.
A juventude de hoje não sabe o que é a impossibilidade de assistir algum filme obscuro (basta uma procura rápida e se encontra na internet), logo, não pode mensurar a satisfação que sentíamos quando satisfazíamos, após longa procura, nossos desejos cinéfilos adolescentes. Não pensem por um segundo que este texto é uma indicação, muito pelo contrário. Os filmes realizados pela “Troma” são horrorosos, mas ainda assim fascinantes.
Como, em sã consciência, indicar pérolas como “Tromeo and Juliet”, “Cannibal! The Musical” (dirigido por Trey Parker, criador do “South Park” e fã do legado de Kaufman), “Rabid Grannies” ou “Class of Nuke ‘Em High”? Nudez gratuita, gore em abundância e personagens estereotipados com atitudes que seriam consideradas ofensivas demais até pelo Rafinha Bastos.
Em “O Vingador Tóxico”, por exemplo, uma gangue de jovens fúteis se diverte atropelando crianças. Mas claro que eles não contavam com a vingança de um adolescente faxineiro, que após sofrer as consequências de um ato de bullying do grupo, sendo atirado dentro de um tonel de lixo tóxico, torna-se o “monstro herói” de Tromaville. Vale dizer que esta breve sinopse é a do filme mais bem acabado dentro da extensa filmografia do estúdio.
Como explicar, para quem nunca assistiu nenhuma obra do estúdio, a razão de sua sobrevivência nesta indústria, sem nunca ter recebido atenção da grande mídia? Projetos feitos com uma verba irrisória, atuações coerentemente vergonhosas e roteiros maravilhosamente politicamente incorretos. Mas perfeitos para serem apreciados em grupo, numa sessão despretensiosa, para gargalhar dos absurdos e deixar o cérebro em standby.