Adeus Gringo (Adiós Gringo – 1965)
Um jovem pistoleiro, Brent Landers (Giuliano Gemma), é convencido por um homem desonesto a comprar gado roubado. Os problemas têm início quando o verdadeiro dono do gado o enfrenta, tentando forçá-lo a devolver seu rebanho. Seguindo os rastros do facínora, o herói acaba encontrando uma garota amarrada no meio do deserto. Descobre que ela é Lucy Tillson (Ida Galli), que foi levada como refém após o assalto de uma diligência, e ainda torturada por três homens.
Começando pelos detalhes básicos. O primeiro western do diretor Giorgio Stegani (que havia colaborado no roteiro do sucesso anterior “O Dólar Furado”), que foi convidado pelo próprio Giuliano Gemma, que vivia seu momento de ouro na indústria de cinema italiana, com uma corrente de sucessos de bilheteria.
Fotografado em Eastmancolor, por Francisco Sempere, que realça as paisagens sujas tocadas pela bruxuleante luz do sol. Vale destacar também a boa trilha sonora de Benedetto Ghiglia (o mesmo não se pode dizer da fraca letra da canção-tema cantada por Fred Bongusto), que emoldura a época em que os italianos ainda se debruçavam desavergonhadamente no estilo das obras feitas em Hollywood, muito longe das pradarias pessimistas e vaqueiros ambíguos que seriam explorados nos projetos de Sergio Leone.
A sua trama simples, direta e eficiente, que aborda o tema do herói acusado injustamente e que precisa provar desesperadamente sua inocência, acabou se repetindo em vários outros genéricos nos anos seguintes. Um aspecto interessante (e que vai contra a tendência que havia no gênero) é a crítica direcionada à hipocrisia machista, que condena a mulher vítima, ao invés de culpar os criminosos. O mais comum, até mesmo em produções posteriores, era insinuar que as mulheres internamente gostavam de ser dominadas.
Sem dar tempo para o espectador respirar, o roteiro já estabelece o conflito do protagonista nos primeiros e intensos seis minutos. É tudo orquestrado da forma mais ingênua possível, fazendo-nos sentir como se estivéssemos folheando as páginas daqueles livrinhos de bolso “Faroeste Beijo e Bala”, que podíamos pagar com alguns trocados.
Gemma, que iniciou como dublê e boxeador, aproveitou sua confortável relação com o diretor boa praça e inseriu o máximo possível de sequências de ação em que pudesse demonstrar seu excelente preparo físico (levantar do chão em um salto, sem usar as mãos, por exemplo, era um diferencial). A sua presença em cena e seu carisma só poderiam ser comparados aos de Gianni Garko (eterno “Sartana”) ou Franco Nero (eterno “Django”).
Ele melhoraria como ator ao longo dos anos, chegando ao seu ápice no ótimo filme de Valerio Zurlini “O Deserto dos Tártaros” (1976).