Sétimo (Séptimo – 2013)
O conceito que move esse suspense me recordou “Picnic na Montanha Misteriosa”, de Peter Weir, mas com uma proposta totalmente diferente, abraçando sem culpa alguma as fórmulas do gênero, numa pouco sutil alegoria aos perigos inseridos na selva de pedra e os efeitos psicológicos do colapso da relação de um casal em seus filhos.
Não é importante que o roteiro deixe muitos furos, contanto que esses não sejam percebidos enquanto você assiste a obra, que o entretenimento não seja afetado. Felizmente, o projeto do espanhol Patxi Amezcua funciona bem até o momento em que você pisa fora da sala escura e começa a pensar a respeito.
A ideia é interessante em sua simplicidade, o sumiço de duas crianças que moravam no sétimo andar, enquanto desciam sozinhas as escadas de seu apartamento, o local que deveria simbolizar a segurança máxima delas. O primeiro ato trabalha razoavelmente bem o mistério, mérito total da atuação convincente do ótimo Ricardo Darín, mas quando o filme se encaminha para entregar a resolução, acaba se perdendo nas próprias convenções as quais se agarra, como o recurso batido dos desgastados celulares com pouca bateria.
Nenhuma informação é passada sobre o prédio, que poderia muito bem estar vazio, ou sobre os vizinhos, o que poderia deixar a investigação do pai um pouco mais interessante. A trilha sonora de Roque Baños, sempre querendo chamar mais atenção do que a própria cena que emoldura, acaba dessensibilizando o espectador ao subestimar sua inteligência emocional.
As motivações de alguns personagens se mostram implausíveis na tentativa de, contra a lógica, inseri-los, por exemplo, em cenas essenciais no terceiro ato. Essa insegurança na condução, que pode ser explicada pela pouca experiência do diretor, em seu segundo filme, acaba arruinando a experiência, que se torna mais amarga na memória, na medida em que você se afasta da sala escura.
A maior ambição do roteiro formulaico parece ser chamar a atenção da indústria americana e fazer valer uma refilmagem.