Música, Divina Música! (They Shall Have Music – 1939)
O filme, dirigido por Archie Mayo, já emociona nos primeiros segundos, com um intertítulo avisando que a obra é dedicada às escolas de música. A sociedade da época, imersa na Grande Depressão, encontrando a redenção através da música clássica. No elenco, Walter Brennan, Joel McCrea e Andrea Leeds.
O conceito, por si só, envolvendo crianças carentes lutando contra o fechamento da escola, toca diretamente o coração de qualquer indivíduo minimamente sensível.
É lindo perceber o encanto nos olhos da criança, vivida por Gene Reynolds, que abandona uma rotina de pequenos crimes, ao assistir, por engano, um concerto de violino.
O grande violinista lituano Jascha Heifetz, que abrilhanta o filme em vários momentos com seu talento, foi escolhido pelo produtor Samuel Goldwin, que já estava tentando há anos encontrar o projeto certo para ele. Quem não conhece este músico lendário, não perca mais tempo, recomendo que assista ao documentário “Jascha Heifetz, o violinista de Deus”, de 2011.
Alguns podem acusar o roteiro de ser sentimental em excesso, o que não seria um equívoco total de análise, mas é importante contextualizar a trama em sua época. Os americanos necessitavam entrar na sala escura e, duas horas depois, saírem acreditando que ainda havia esperança para o mundo.
Esta inteligência temática é, por exemplo, um dos problemas da cinematografia brasileira, incapaz de encontrar ressonância emocional com o público.
Vale destacar a excelente fotografia do mestre Gregg Toland, que faria “Cidadão Kane” dois anos depois, um refinamento evidenciado já na sequência que abre o projeto, estabelecendo a pobreza de uma forma bastante crua e sombria, o que torna os interlúdios musicais ainda mais reconfortantes.
* O filme está sendo lançado em DVD pela distribuidora “Classicline”.
Amei a crítica…fiquei muito curiosa em assistir o filme..Abraços!