Luke Skywalker é um jovem fazendeiro, cujo passado perde-se na bruma da ignorância, anestesiado pela desinteressante rotina diária, estimulado ao conformismo pelos tios idosos, suas únicas figuras parentais.
A clássica cena do rapaz, em “Uma Nova Esperança”, aliviando sua frustração ao admirar o pôr dos dois sóis de seu planeta, Tatooine, captura a força interna que manteve seu espírito vivo, o sonho escapista de vivenciar empolgantes aventuras espaciais. Ele não sabia que estava destinado a grandes feitos, até o momento em que a origem Jedi de seu pai lhe é revelada através de Ben Kenobi, desconhecia qualquer possibilidade de que tivesse algum tipo de intuição especial.
A sua impaciência é um empecilho em sua jornada, da mesma forma que foi para seu pai, em “Ataque dos Clones”. Não tenho dúvida de que, ao presenciar a morte física de seu mentor, o garoto sofreu primeiro pensando em como aquilo iria afetar o progresso de seu treinamento. Analise a forma como ele sempre coloca em risco o que está em jogo, pensando apenas em interesse próprio, como na cena da confusão na cantina ou no salvamento da princesa, tudo motivado pela sua tremenda insegurança.
O germe da rebeldia já se fazia presente em pequenas atitudes, porém, ele precisava de uma causa menos egoísta, que o motivasse a pensar no bem maior, o que acabou encontrando ao entrar oficialmente para a Aliança Rebelde. Luke, diferente de seu pai, que era arrogante, e de todos os outros Jedi, precisa aprender não somente a usar, mas, acima disso, acreditar que é capaz de usar a Força, confiar em si mesmo, vencer o medo. Ele conquista isso graças ao seu caráter.
Numa comparação simples, enquanto o pai se exibe com seus poderes para impressionar Padmé Amidala em “Ataque dos Clones”, Luke, já tendo sido treinado por Yoda, em “O Retorno de Jedi”, fica embasbacado ao escutar que seu treinamento já está completo: “Então, eu sou um Jedi?”. Não importa o nível de excelência que ele atinja, nunca irá acreditar plenamente que é merecedor.
Quando ele atira para longe seu sabre de luz, durante a batalha final com seu pai, encarando desarmado o Imperador Palpatine, o jovem demonstra amadurecimento emocional, fazendo questão de mostrar, para si mesmo, que sua coragem não é garantida por qualquer elemento mágico. Não importava pra Luke se ele iria morrer com o ataque de
energia pura do mestre Sith, algo que estava certo de acontecer, caso o pai não interviesse, o mais importante era demonstrar que havia superado sua insegurança.
Todos os heróis da rebelião, até mesmo Han Solo, estavam lutando pela liberdade da galáxia, mas para o jovem fazendeiro, a vitória era interna.