A Cova da Serpente (The Snake Pit – 1948)
O cinema sempre abordou o tema da psiquiatria, desde o clássico mudo do início da década de 1920: “O Gabinete do Dr. Caligari”, passando pela pérola de Hitchcock: “Quando Fala o Coração”, o extremamente popular “Um Estranho no Ninho”, de Milos Forman, até o mais recente: “Ilha do Medo”, de Martin Scorsese.
Virginia, vivida por Olivia de Havilland, em um de seus melhores momentos, sofre um ataque de nervos logo após seu casamento, sendo internada num manicômio. Tudo piora quando a enfermeira-chefe ameaça transferir ela para a “cova das serpentes”, o Pavilhão 33, onde são colocados os pacientes sem esperança de cura. Com a ajuda do marido e do psiquiatra, ela se recupera, mas é testemunha dos maus tratos e das péssimas condições às quais as outras internas estão submetidas.
Analisando a obra de Anatole Litvak no contexto de sua época, ela se torna essencial para profissionais da área que queiram enxergar como a arte refletia o processo inicial de revolta pública na luta antimanicomial. A psicoterapia como filosofia de vida, o conceito de transferência, evidenciado na lucidez da protagonista ao entender-se curada por não se sentir apaixonada por seu psiquiatra.
Vale destacar também a defesa da psicanálise como ferramenta importante no tratamento dos pacientes mais graves, dentro de instituições psiquiátricas, algo que, ainda hoje, é discutido.
O roteiro retrata diversas variações do estado psicótico, de forma quase didática, emocionando ainda mais pelo pioneirismo de sua abordagem direta.
Um tesouro que merece ser garimpado.
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