Procura Insaciável (Taking Off – 1971)
Quando descobrem que sua filha adolescente desapareceu, provavelmente com um grupo de hippies, seus pais partem em sua busca.
É interessante constatar que no mesmo ano foi lançado “There’s Always Vanilla”, de George Romero, filme quase sempre esquecido, mas que também defendia um discurso crítico com relação ao movimento hippie. Em “Procura Insaciável”, podemos ver a frustração do diretor tcheco Milos Forman após alguns anos pesquisando in loco esse estilo de vida despertado, enquanto revide lúdico, pela angústia e desesperança dos jovens que acompanhavam pela televisão a guerra do Vietnã.
O que inicialmente seria trabalhado como um retrato fiel pelo ponto de vista dos hippies acabou se tornando um produto mais maduro, analisando o sofrimento dos pais que viam seus filhos adolescentes fugirem de casa, buscando aquela utopia frágil alimentada por canções que celebravam sonhos e por viagens lisérgicas. O ponto fascinante no roteiro, cristalizado no excelente desfecho, é evidenciar a impossibilidade de comunicação entre essas duas gerações, a negação de vencedores no confronto entre a repressão parental e a ignorância juvenil, uma guerra tão brutal quanto aquela transmitida pela televisão, onde o que se sacrifica é a confiança.
A sequência mais comentada, o experimento da sociedade dos pais de filhos fugitivos com a maconha, traz entranhada no inegável humor da execução uma profunda crítica social. A droga que desnuda os impulsos emocionais dos adultos, tão frágeis e desamparados quanto os jovens, é tratada na cena como um enigma sedutor a ser estudado, enquanto os filhos continuam na sombra. A preocupação com o dedo apontado para a lua, ao invés da análise da própria lua.
Não há interesse dos pais em compreender os anseios dos filhos, apenas o simplismo de reduzir a padrões banais, com o mínimo de esforço, aqueles jovens que vivem a fase mais complicada da vida.