Foi através de Jason Voorhees que conheci os gialli
italianos em minha pré-adolescência, percebi que eles exerceram mais do que uma
influência, os diretores norte-americanos dos slashers estavam copiando
descaradamente sequências inteiras, os mesmos enquadramentos. Mas essa
constatação não diminuiu meu carinho pelas peripécias do jovem filhinho da
mamãe de Crystal Lake. Revendo toda a franquia para preparar essa postagem, reafirmei
meu desprezo pelos episódios 5, 7, 8 e 9, bobagens que não funcionam como
terror, nem como terrir. “Jason X” e “Freddy Vs. Jason” são curiosidades
bizarras, com o último ganhando alguns pontos pela oportunidade de ver Robert
Englund pela última vez no papel do carismático pedófilo de Elm Street. Eu irei
escrever sobre os filmes no especial “Faces do Medo”, então eu não vou fazer
análises longas aqui sobre cada obra, apenas despretensiosos comentários
abordando a razão da posição na lista, que está, vale ressaltar, em ordem de
preferência.
1 – Sexta-Feira 13 – Parte 2 (Friday the 13th – Part 2 – 1981)
O motivo principal que o faz constar na primeira posição da lista não é sua trama, nem a estilosa versão 1.0 do protagonista. O diretor Steve Miner, em seu primeiro filme, consegue criar a atmosfera perfeita de medo, copiando os melhores truques dos gialli italianos. Mais do que o gore, o clima constante de pesadelo é o grande mérito da produção, com destaque para os atordoantes quinze minutos finais. Os personagens, algo raro na franquia, são minimamente interessantes e carismáticos.
2 – Sexta-Feira 13 – Parte 4 – Capítulo Final (Friday the 13th: The Final Chapter – 1984)
Com a responsabilidade de dar um fim ao personagem, algo que seria desrespeitado de forma pífia na produção seguinte, o fraco diretor Joseph Zito foi além de suas capacidades, compensando o roteiro tolo com o maior número possível de mortes criativas, ajudadas pela técnica do mestre Tom Savini em um de seus melhores momentos. É o filme que simboliza os méritos da franquia, com um Jason plenamente estabelecido e uma subtrama ousada envolvendo uma criança, com toques de “A Profecia”, Corey Feldman antes de se tornar um dos Goonies.
3 – Sexta-Feira 13 – Parte 6 (Jason Lives: Friday the 13th – Part 6 – 1986)
A esculhambação começou no anterior, ainda que tentasse ser sério, mas nessa incursão temos um Jason que homenageia a criatura do clássico da Universal Studios: “Frankenstein”, sendo ressuscitado por um raio, uma cena inicial que dá o tom divertido que foi o recurso encontrado por todos os monstros da época. A metalinguagem que homenageia a franquia 007, com Jason e seu facão no cano da arma, outro momento impagável. Com roteiro e direção de Tom McLoughlin, na única produção relevante de sua carreira, o resultado é surpreendentemente bom.
4 – Sexta-Feira 13 – Parte 3 (Friday the 13th – Part 3 – 1982)
O charme do 3D, recurso banalizado hoje, foi o grande mote dessa produção dirigida novamente por Steve Miner, a responsável pelo visual clássico do personagem. Com um irritante grupo de vítimas saído de uma caravana hippie e uma gangue de motoqueiros estereotipados, torcemos pelo silencioso e imponente assassino, o que é o objetivo da obra. O gore é prejudicado pela necessidade de favorecer o 3D, com alguns erros indisfarçáveis.
5 – Sexta-Feira 13 (Friday the 13th – 1980)
O original tem seu valor no contexto do subgênero, tentando capitalizar com o sucesso de “Halloween”, mas a realidade é que a trama não se sustenta, a reviravolta final é bastante óbvia. A melhor cena é exatamente o último jump scare, de arrepiar os pelos da nuca, mas o suspense é mal trabalhado. Tem seu charme, mas o roteirista/diretor Sean S. Cunningham, que comandaria alguns anos depois o clássico do “Cinema em Casa”: “Primavera na Pele”, nunca foi muito competente em seu ofício.