1 – Meia-Noite em Paris (Midnight in Paris), de Woody Allen

Woody, demonstrando uma fascinante lucidez, desconstruiu o senso nostálgico que embeleza tudo o que toca, evocando elementos da ficção científica, com uma ternura encantadora que me remeteu ao seu “A Rosa Púrpura do Cairo”. Ao optar por fazer a viagem no tempo executada pelo protagonista representar a constatação de que o passado, por mais fascinante que seja, não era tão perfeito como ele havia idealizado, o roteiro evidencia a importância do indivíduo buscar a satisfação plena em sua própria realidade. Uma visão madura e emocionante de um cineasta que se recusa a abraçar o conformismo criativo…

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2 – A Pele Que Habito (La Piel Que Habito), de Pedro Almodóvar

Uma homenagem ao clássico “Os Olhos Sem Rosto”, de Georges Franju. Quando o personagem vivido por Antonio Banderas adentra sua mansão, ocorre algo imperceptível aos olhos do cinéfilo menos atento: ele se encaminha para o quarto da vítima, porém rapidamente rejeita tal escolha, analogamente uma rejeição à sua condição natural, e segue para o quarto ao lado, onde continua a espioná-lo pela câmera…

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3 – Cisne Negro (Black Swan), de Darren Aronofsky

A protagonista valida o conceito freudiano da projeção, inconscientemente atribuindo características negativas de sua própria personalidade a outros personagens, especialmente Lily e sua mãe, que acredito ser uma criação de sua mente. No dia de sua consagração, totalmente livre e confiante, “mata” sua projeção, simbolizada por Lily, e alcança a perfeição no palco ao transformar-se no “Cisne Negro”, recebendo empolgada ovação da plateia que grita seu nome…

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4 – Bravura Indômita (True Grit), de Ethan e Joel Coen

A beleza da trama reside exatamente na progressiva transformação interna do pistoleiro, cada vez mais admirando a impetuosidade inconsequente daquela que aprende que deve proteger. Ele tentou afastá-la de todas as formas, mas acabou encontrando na bravura dela a sua última chance de redenção. Bridges trabalha esta dualidade com excelência, deixando transparecer sutilmente o carinho que passa a sentir por aquela que o desafiava. O conflito não consiste na caçada pelo assassino Tom Chaney (Josh Brolin), mas no desesperado desejo de Rooster em se mostrar vivo perante aquela que depositou confiança em sua competência. Ele sabe que está fora de forma, extremamente cansado e que provavelmente ninguém no futuro lembrará seu nome, mas mesmo assim encara o perigo de frente. A bravura do velho pistoleiro gravaria um legado eterno no caráter da jovem, que aprende que o sabor da vingança é amargo, uma cicatriz que se carrega pelo resto da vida…

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5 – A Falta Que Nos Move, de Christiane Jatahy

A melhor forma de assistir essa desconhecida obra-prima é adentrar na casa junto com os atores, sem conhecer o truque, por essa razão evitarei comentar muito sobre o que ocorre. O mérito maior da equipe foi ter construído um produto que não perde valor enquanto mágica revelada, somente instiga ainda mais, levando-nos a procurar entender que aquele microcosmo reflete perfeitamente o macro. O choque de constatar que somos todos atores em tempo integral, seguindo mediante a aceitação de nossas fragilidades e frustrações, aprendendo a lidar com a inexorável aproximação do fim. Somos parte de uma experiência, independente que a façamos ser prazerosa ou plena em autocomiseração, escolhemos rotas conforme os limites da estrada nos são revelados…

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6 – Namorados Para Sempre (Blue Valentine), de Derek Cianfrance

Prejudicado no Brasil por um título equivocado que vende a antítese do que o roteiro oferece, o filme provavelmente ganhará maior reconhecimento em longo prazo. Poucas vezes o cinema retratou com tanta honestidade, de forma brutalmente comovente, o triste momento em que os laços de carinho e respeito se desfazem em um relacionamento amoroso…

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7 – Margin Call – O Dia Antes do Fim (Margin Call), de J.C. Chandor

Uma experiência claustrofóbica sustentada por um elenco afinado, um raro roteiro direcionado para o público adulto. Escolhendo focar no ser humano e nas emoções, ao invés de jogar luz nos aspectos burocráticos que conduziram ao colapso financeiro da trama, o roteiro consegue soar universal e atemporal…

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8 – Medianeras – Buenos Aires da Era do Amor Virtual (Medianeras), de Gustavo Taretto

A importância de quebrar as barreiras que separam indivíduos em uma metrópole, obstáculos que conduzem o espectador a torcer para que os dois solitários se encontrem. A atuação do casal e a ousadia do diretor no terceiro ato fazem com que o filme seja um oásis perdido no meio de um deserto de marasmo no gênero…

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9 – A Árvore do Amor (Shan Zha Shu Zhi Lian) de Zhang Yimou

É inegável se tratar de um filme previsível e manipulador, um clássico tearjerker que nos remete a “Love Story” e tantos outros similares. Mas é impossível evitar se apaixonar pela forma sensível como o relacionamento do casal é retratado, impossível não se encantar com o refinamento de Yimou…

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10 – Balada do Amor e do Ódio (Balada Triste de Trompeta), de Álex de la Iglesia

O diretor do ótimo, ainda que pouco conhecido, “O Dia da Besta”, retorna com uma das pérolas visualmente mais interessantes do ano, uma mistura criativa de terror, drama, ação e comédia, com elementos de Kusturica, Guillermo del Toro e Tarantino…



Viva você também este sonho...

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