É um dia triste para todos que trabalham com cultura, para
todos os cariocas que valorizam a literatura, o cinema, a música, as artes
plásticas.
Esquecendo por um momento os argumentos políticos dos defensores dos
dois candidatos, a eleição de hoje tem uma forte simbologia: um professor foi
derrotado por um fundamentalista religioso, o criacionismo foi aplaudido em
2016. A maioria dos cariocas celebrou a influência religiosa na política,
avalizando um membro direto da Universal, organização que até mesmo os
evangélicos sérios repudiam. Macedo dá um passo importante em seu objetivo de
poder. Eu não posso evitar me questionar: Vale a pena o esforço de lutar pela
cultura e pela educação nessa nação? Analisando friamente o franco favoritismo
no resultado, creio que todo o esforço está sendo inútil.
Crivella foi MINISTRO da Dilma, como os ratos, abandonou o
barco antes de afundar. Ele apoia quem for preciso para conquistar o seu
objetivo. Freixo, mesmo sabendo que o apoio que recebeu de alguns membros do PT
era impopular, não negou, isso mostra CARÁTER. Eu sei lidar com oponentes de
caráter. O perigo está no oponente sem escrúpulos, capaz de tudo para conseguir
o que quer.Eu me preocupo com aquele que não é movido por ideologia
alguma, apenas o desejo pelo poder a qualquer preço. A demonização é sempre
sintomática de uma compreensão rasa e equivocada sobre o tema. A lucidez é a
única salvação para essa nação. Eu tenho divergências com tópicos da
“esquerda” e da “direita”, eu marcho no ritmo do meu próprio
tambor ideológico, respondo apenas aos meus princípios. Mas o homem que se
elege hoje responde apenas ao desejo de poder, sem escrúpulos. O ovo da
serpente.
Como foi triste ver
colegas artistas apoiando o obscurantismo. Até entendo aqueles que são
empregados diretos da Record, esses já deixaram seus princípios na porta ao
assinarem o contrato. Mas não consigo compreender adultos alfabetizados que
enxerguem algum conceito de “Deus” nos preceitos do grupo de Macedo.
A Universal é a primeira a desrespeitar TODAS as crenças religiosas. Jesus
seria o primeiro a expulsar a chicotadas esse bando que faz fortuna com a
vergonhosa teologia da prosperidade.
Esse é o desabafo de um escritor
profundamente decepcionado com o povo de sua cidade.