Alien, o Oitavo Passageiro (Alien – 1979)

A sequência dirigida por James Cameron pode ser mais dinâmica, mas tem o cheiro e o gosto da década de oitenta, um filme de ação divertido e datado, um excelente videogame.

O original de Ridley Scott é obra-prima atemporal, cinema refinado emoldurado por uma trilha sonora engenhosa de Jerry Goldsmith, com clara inspiração em “O Planeta dos Vampiros”, de Mario Bava, sci-fi perfeito na construção de clima e que entrega a dose certa de terror.

O brilhantismo já se faz presente na direção de arte, caminhando na direção contrária do que era tido visualmente como padrão no tema, o interior da nave Nostromo é sujo, bagunçado, pornografia decora as paredes, as linhas geométricas são incomuns, não é um produto que você consegue enxergar sendo comercializado no setor de brinquedos de uma loja.

devotudoaocinema.com.br - "Alien, o Oitavo Passageiro", de Ridley Scott, na STAR PLUS

Os primeiros minutos abraçados pelo abençoado silêncio, elemento tão pouco respeitado nas produções modernas, não apenas impõe o ritmo e captura a atenção do espectador, como também servem para explorar esse espaço tão reduzido, o veículo que singra a galáxia sem glamour algum, este microcosmo imperfeito que será invadido por um organismo perfeito: o alienígena.

E todo o esforço seria inútil caso a figura do oitavo passageiro não transmitisse o senso de pavor diante do desconhecido, uma fusão de referências antagônicas que traz simbolismos sexuais em um misto de tecnologia e carne.

Claro que este efeito se perdeu com a banalização da criatura nas continuações, ela se tornou uma action figure na prateleira dos adolescentes, mas o impacto visual do xenomorfo criado por H.R. Giger e Carlo Rambaldi, resquício do trabalho do primeiro no “Duna”, de Jodorowsky, que nunca saiu do papel, reside exatamente na forma com que ele é inteligentemente subutilizado durante grande parte da trama.

O espectador não consegue identificar a ameaça, ele desconhece os estágios de sua transformação (ovo, facehugger, chestburster e a versão adulta), então é incapaz de prever como será o ataque seguinte.

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Para os tripulantes da nave, a sobrevivência só é possível mediante a rápida adaptação, a luta é pelo direito de se manter vivo, pelo mérito de traçar um plano eficiente. A subversão é a única resposta que o inimigo não previu.

O androide Ash, vivido por Ian Holm, cuja missão era encontrar vida alienígena a despeito de colocar em risco os humanos e a segurança da própria nave, não foi programado para lidar com a interferência agressiva de alguém que não se permite ser controlada por qualquer sistema de regras.

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E a única que se mostra apta a não ser reduzida ao código de conduta que se espera de seu cargo é Ellen Ripley, vivida pela bela Sigourney Weaver, aquela cujo protagonismo o roteiro faz questão de revelar gradualmente, desconstruindo a expectativa do público.

Já próximo ao final do filme, mostrada aparentemente vulnerável e naturalmente sensual em suas roupas de baixo, ela enfrenta com segurança a ameaça alienígena em um espaço confinado.

A personagem tem papel fundamental na história do cinema sci-fi/terror, ela argumenta frequentemente com seus superiores sem receio algum, equilibra bem a emoção e a razão, sabendo se defender intelectual e fisicamente até nas situações mais apavorantes, sem perder a feminilidade.

Trilha sonora composta por Jerry Goldsmith:



Viva você também este sonho...

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