1 – Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças (Eternal Sunshine of The Spotless Mind), de Michel Gondry
O roteiro brilhante de Charlie Kaufman nos induz a questionar a nossa frágil psique, com a angústia de alguém em lidar com a indiferença do outro. Apaga-se a memória, mas ele ainda existe…
2 – Peixe Grande (Big Fish), de Tim Burton
A perspectiva da morte faz com que o jovem busque conhecer aquela incógnita falastrona, que sempre o deixava envergonhado em suas festas com seus arroubos criativos. Angustiado com a recusa do pai em se mediocrizar, tornar-se comum, o seu filho então decide conduzir uma pequena investigação, que acaba levando-o a constatar que somente a fantasia, o lírico, realmente satisfaz de forma plena…
3 – Encontros e Desencontros (Lost in Translation), de Sofia Coppola
A insegurança demonstrada na posição fetal da jovem e o tédio que ele expressa no desleixo com que preenche seu lado da cama. Lentamente percebemos a mão dele vencendo o medo da entrega do sentimento, a insegurança pela diferença de idades, procurando o toque que simboliza naquele momento muito mais que um beijo…
4 – Colateral (Collateral), de Michael Mann
A estética e o ritmo, aliados à competência de Tom Cruise e Jamie Foxx, garantem o impacto sensorial em um dos melhores filmes do gênero nos últimos anos…
5 – Má Educação (La Mala Educación), de Pedro Almodóvar
O diretor insere temas perturbadores de uma forma onírica e demasiadamente humana, desafiando o espectador a acompanhar seu raciocínio, proposta corajosa…
6 – A Paixão de Cristo (The Passion of the Christ), de Mel Gibson
Por trás da ideologia questionável de Gibson, anestesiando os ensinamentos de amor e compaixão do personagem ao favorecer a agonia da purificação pela dor, não há como negar que a obra é um primor técnico…
7 – Todo Mundo Quase Morto (Shaun of The Dead), de Edgar Wright
Esqueça o título nacional horroroso, Edgar Wright é uma das melhores surpresas do cinema na história recente, subvertendo as expectativas do público e firmando uma caligrafia autoral no gênero da comédia…
8 – Primer, de Shane Carruth
O segredo reside no desinteresse do autor em construir algo convencional, agradável, para o público, o que resultou em uma trama que nunca seria comprada por qualquer estúdio, nenhum teria coragem de arriscar perder dinheiro com algo tão desafiador…
9 – Diário de Uma Paixão (The Notebook), de Nick Cassavetes
O filme de romance que, sem querer reinventar a roda, renova as esperanças no gênero, comandado pelo competente filho de John Cassavetes, que aproveita o embalo e presta linda homenagem à sua mãe, Gena Rowlands…
10 – A Vila (The Village), de M. Night Shyamalan
O diretor brinca com sua característica mais conhecida, a reviravolta final, trabalhando o conceito vazio do resgate do passado histórico como forma de lidar com um grande trauma, uma sociedade que conscientemente rejeita a lógica por uma mentirosa sensação de conforto…