Vou confessar algo para quem acompanha meu trabalho, eu
estou desanimado com o que vejo nas redes sociais, algo que atrapalha
sobremaneira a inspiração. Como sempre afirmei em textos, a raça humana é
propensa ao apedrejamento, o instinto baixo que conduzia os romanos antigos nos
circos de gladiadores segue vivo hoje, ainda que adormecido na maioria, como
que ansiando pelo gatilho para despertar.
A discussão não é lúcida, o que importa é berrar extremos.
Analisando o caso do jornalista William Waack, ou as recentes polêmicas sexuais
envolvendo atores de Hollywood, eu sinceramente não consigo enxergar maturidade
ideológica/comportamental no debate virtual, apenas o desejo primitivo de
destruição, a curiosidade mórbida dos abutres que apreciam admirar por horas o
corpo sangrando no asfalto, ou compartilhar vídeos repulsivos na internet, em
suma, parecem objetivar não apenas a justiça, como também o suicídio de seus
alvos. Os envolvidos no caso nacional e nos estrangeiros são excelentes
profissionais, carreiras brilhantes e respeitadas, mas acima de tudo, eles são
humanos e falhos como todos.
É justo condenar seus atos, você tem o direito de rejeitar
qualquer menção futura ao nome deles, mas não é correto querer apagar suas
contribuições em suas áreas de atuação, assassinar sem piedade suas reputações
profissionais. Se o seu pai já fez alguma piada racista em casa ao longo de sua
vida, tenho absoluta certeza que você não deixou de amá-lo por isto. E se
aproxime do espelho. Você é perfeito? Você, que hipocritamente prega
diariamente nas redes sociais o amor cristão, compreendeu de fato as palavras
de Jesus na passagem do apedrejamento de Maria Madalena?