A Baronesa Transviada (1957)
Eu escutava quando criança o LP “Dercy Espetacular – Um Banho de Risos”, passava mal de tanto rir, felizmente meus pais nunca tiveram frescura e não levaram em consideração a advertência que vinha na capa: “Proibida a execução a menores de 21 anos”.
Eu cresci respeitando a obra desta inesquecível artista brasileira, mas só fui conhecer seus trabalhos no cinema já na época da faculdade. E considero “A Baronesa Transviada” o seu melhor momento na tela grande.
“Achei! Touca pra criança de duas cabeças.” – Edayr Badaró, ao encontrar o sutiã da baronesa no quarto dela.
Baseado em argumento de Chico Anysio, esta produção da Cinedistri escrita e dirigida pelo sempre competente Watson Macedo conta a história da simplória manicure Gonçalina (Dercy), que tem uma pinta nas costas que prova ser ela a mais legítima filha de uma baronesa moribunda.
Assim que herda a fortuna, ela precisa lutar contra o restante da família que também quer o dinheiro. Dercy Gonçalves era bilheteira de cinema, amava a sétima arte, gostava de imitar Theda Bara, Pola Negri, a sua personagem reflete este amor. Quando ela descobre que herdou a herança, o primeiro desejo é produzir um filme.
“Ela já tá fritando o bolinho pra viajar” – Maneira hilária como Grande Otelo informa ao telefone o estado de saúde da baronesa.
Nem tudo funciona, o roteiro não envelheceu muito bem, algumas piadas são simplesmente fracas, os segmentos musicais são simpáticos, mas quebram o ritmo.
Algumas cenas insinuam maior coragem ao satirizar a própria indústria cinematográfica, como na apresentação final de Dercy representando a antítese da elegância dos grandes musicais norte-americanos, ou o momento em que ela é carregada para fora da sala de seleção de elenco, esperneando e berrando: “É por isso que o cinema nacional não vai pra frente!”