The Killing Machine (Shorinji Kempo – 1975)
“Força sem justiça é violência. Justiça sem força é fraqueza.” (frase do filósofo francês Blaise Pascal que fecha a obra)
Quando se fala em Sonny Chiba, muitos lembram de seu trabalho na trilogia “The Street Fighter”, mas considero que seu melhor momento, como artista marcial e como ator, rara oportunidade que ele teve de construir várias camadas, está nesta pérola pouco conhecida, dirigida pelo japonês Norifumi Suzuki, com roteiro de Isao Matsumoto.
A trama aborda a vida real de Doshin So, fundador do Shorijin Kempo, de sua infância traumática, passando pelo tempo em que foi soldado no período final da Segunda Guerra, até se tornar mestre. Chiba era seu aprendiz, logo, dá para imaginar a emoção que ele sentiu ao defender o personagem na tela grande.
O tom é pesado, afinado no diapasão dramático trágico, aura que se reflete na forma como a técnica marcial é utilizada, com brutalidade e dose generosa de gore, primando pelas fechaduras de pulso rotacionais, especialidade do homenageado. A cena da castração do criminoso é marcante, cinematograficamente poderosa, mas o que fica após a sessão não são as sequências de luta.
Não me lembro de outro filme do gênero que trabalhe com tanta eficiência a questão da importância da disciplina das artes marciais como força inspiradora e transformadora na vida dos mais jovens, auxiliando na superação de obstáculos e formando caracteres nobres.